Com objetivo de fomentar a utilização da mandioca na produção de bebidas, a engenheira agrônoma e pesquisadora da Empaer Dolorice Moreti está realizando uma série de visitas a cervejarias, na Capital. Na semana passada, a visita foi na empresa Cuyabana e teve a oportunidade de conhecer o processo de produção usando a mandioca in natura em três tipos de bebidas já comercializadas, sendo duas delas de longa e baixa fermentação e uma com sal e polpa de caju. O método é inovador, pois difere das cervejas já produzidas no país que usam a fécula da raiz.
Especialista no estudo da mandioca, sendo autora de cartilha e diagnóstico e suas propriedades, Dolorice destaca que ficou surpresa com a estrutura da cervejaria e contente em saber que todo processo é resultado de uma parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que busca formas de como aproveitar a raiz em bebidas fermentadas, com destaque também para cachaça.
Segundo Dolorice, o foco é encontrar formas e dar visibilidade que possam auxiliar na busca de novas cadeias de produção da mandioca no Estado. “Aprendi, por exemplo, que com 200 quilos de mandioca é possível produzir 2 mil litros de cerveja. Com pouco, mas com qualidade chega-se a uma boa bebida. Poder associar toda essa produção com pequenos agricultores familiares da Baixada Cuiabana seria um bom nicho de mercado”.
Na conversa, a pesquisadora apresentou os tipos de mandioca produzidas no Campo Experimental da Empaer, em Acorizal, entre elas de polpa branca, amarela e vermelha, sendo cada uma com suas peculiaridades. Foi um primeiro contato e nos colocamos à disposição em ajudar”.
Para o mentor das cervejas a base de mandioca, o cirurgião dentista Diometes Barztoto Júnior, a visita é um primeiro passo de uma parceria que tem tudo para dar certo. Ele explica que a Cuyabana produz três tipos de cerveja a base de mandioca in natura, além das duas que difere pela fermentação tem a com sal e polpa de caju, sendo essa última já com rótulo e comercializada em garrafa. “As de fermentação são comercializadas em barril e vendidas como chopp, ainda não está engarrafada, mas é uma proposta da empresa”.
Barzotto destaque que o objetivo é estimular outras cervejarias acreditar no potencial da mandioca por ser um produtor brasileiro e um alimento nutritivo. “Ter a opção de reduzir o malte que é importado e agregar a mandioca em uma bebida de qualidade, todos ganham no processo”, completa.
O mestre cervejeiro da Cuyabana, Rodrigo Vassoler, acrescenta que uma possível parceria entre a Empaer e a UFMT vem para dar viabilidade à iniciativa. Ele espera que outras cervejarias sintam estimuladas a fazer o mesmo. “Da nossa conversa a cachaça com certeza será uma realidade tão logo testada e aprovada. Na cerveja, é importante que outras empresas enxerguem esse grande potencial que o mercado oferece e tão acessível”, conclui Rodrigo.