A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fez duras críticas a governadores de partidos de direita, acusando-os de estimular a divisão política no país e de favorecer discursos de intervenção dos Estados Unidos na América Latina.
Segundo a ministra, esses líderes deveriam unir esforços com o governo federal na busca de soluções para fortalecer a segurança pública. Gleisi destacou a importância da PEC 18, conhecida como PEC da Segurança Pública, apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso Nacional.
“Ao invés de somar forças no combate ao crime organizado, como propõe a PEC da Segurança enviada pelo presidente Lula, os governadores da direita, vocalizados por Ronaldo Caiado, investem na divisão política e querem colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump na América Latina”, afirmou.
Nos últimos meses, os Estados Unidos intensificaram a presença militar no hemisfério sul, posicionando navios no mar do Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tem acusado Washington de tentar desestabilizar seu governo.
Gleisi também comparou esses governadores ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive atualmente nos Estados Unidos e é acusado de apoiar sanções do governo de Donald Trump contra o Brasil, incluindo a Lei Magnitsky e a suspensão de vistos de ministros e autoridades brasileiras.
“Não conseguem esconder seu desejo de entregar o país ao estrangeiro, do mesmo jeito que Eduardo Bolsonaro e sua família de traidores da pátria fizeram com as tarifas e a Magnitsky”, criticou a ministra.
“Segurança pública é uma questão muito importante, que não pode ser tratada com leviandade e objetivos eleitoreiros. Combater o crime exige inteligência, planejamento e soma de esforços”, completou.
Consórcio da Paz
Na quinta-feira (30), sete governadores anunciaram a criação do Consórcio da Paz, uma iniciativa voltada para o compartilhamento de informações de inteligência e apoio operacional no combate ao crime organizado. O encontro ocorreu no Rio de Janeiro e contou com a presença de Cláudio Castro (PL), Romeu Zema (Novo), Jorginho Mello (PL), Eduardo Riedel (PP), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Celina Leão (PP), vice-governadora do Distrito Federal. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou por videoconferência.
Os líderes elogiaram os resultados das recentes operações policiais nos complexos da Penha e do Alemão, classificadas por Zema como “as mais bem-sucedidas do país”.
A ação resultou na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais militares, além da apreensão de 93 fuzis. O principal alvo, Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como chefe da facção Comando Vermelho, segue foragido.
Debate sobre a PEC da Segurança Pública
A PEC 18, enviada pelo governo federal ao Congresso, tem enfrentado resistência de governadores, que alegam perda de autonomia sobre as polícias estaduais. Ronaldo Caiado afirmou que a proposta retira dos estados o poder de definir diretrizes de segurança, entregando essa prerrogativa ao Ministério da Justiça.
O texto prevê que a União elabore uma política nacional de segurança pública com diretrizes obrigatórias aos entes federativos, após consulta ao Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. O governo Lula sustenta que a PEC preserva as autonomias estaduais, reforçando apenas a coordenação entre os diferentes níveis de governo.















