Em Mato Grosso política é universo masculino

Março é o Mês da Mulher, período que sugere reflexão pela fraca presença feminina na política mato-grossense

Fonte: EDUARDO GOMES - Diário de Cuiabá

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Março é o Mês da Mulher e serve de reflexão sobre a pequena participação feminina na política mato-grossense, condição essa que sempre prevaleceu. No Senado não há presença de mulheres entre os titulares. Na Câmara dos Deputados elas ocupam duas das oito cadeiras da bancada federal. Na Assembleia Legislativa, somente a deputada Janaína Riva (MDB). Nas 141 prefeituras há 14 prefeitas. Entre os 1.404 vereadores, 1.176 são homens.

Para o Senado Mato Grosso elegeu duas senadoras: Serys Slhessarenko (PT) em 2002 e Selma Arruda (PSL) em 2018, mas a chapa de Selma foi cassada por crimes de abuso de poder econômico e caixa 2 na campanha eleitoral. As três cadeiras mato-grossenses são de Jayme Campos (União), Carlos Fávaro (PSD) e Wellington Fagundes (PL). Jayme tem uma suplência, com a pecuarista Cândida Farias (MDB), de Barra do Garças; a primeira suplente de Fávaro é Margareth Buzetti (PSD), que o substitui em razão de sua nomeação para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Buzetti é empresária em Cuiabá; e Wellington tem em Rosana Martinelli (PL) sua segunda suplente – Rosana foi vice-prefeita e prefeita de Sinop, onde tem domicílio.

A bancada mato-grossense na Câmara elegeu a Coronel Fernanda (PL) e Amália Barros (PL). Ambas chegaram ao cargo pela corrente bolsonarista, que foi maioria nas eleições de 2022. A Coronel Fernanda disputou a eleição suplementar para o Senado em 2020, mas foi batida por Fávaro; em 2022, elegeu-se com 60.304 votos sendo a penúltima entre os eleitos. Amália Barros é jornalista, mas nunca militou na profissão em Mato Grosso, onde reside há pouco tempo; a então candidata ganhou visibilidade por conta de uma lei que ampara portadores de visão monocular, como é o caso dela – essa lei leva seu nome; sua campanha teve forte apoio da então primeira-dama Michelle Bolsonaro, que inclusive gravou para seu horário eleitoral.

Na Assembleia, com 24 cadeiras, Janaína Riva é a única mulher e foi campeã de votos ao cargo, com 82.124 votos; a parlamentar cumpre o terceiro mandato consecutivo. Janaína é filha e herdeira política de José Riva, que durante 20 anos comandou o Legislativo Mato-grossense, mas que foi afastado da vida pública por conta de sua inelegibilidade imposta por sua condenação por crimes de improbidade administrativa, que o mesmo reconhece e que assumiu oficialmente em delação premiada, quando revelou que esteve à frente de um desvio de R$ 175 milhões dos cofres públicos.

Em 2020 Mato Grosso elegeu 15 prefeitas e em 2023 a presença feminina nas prefeituras caiu para 14. Inês Coelho (DEM) venceu a disputa em Torixoréu, mas não tomou posse, por ser inelegível, o que levou a uma eleição suplementar. Carmen Martines (União), prefeita de Carlinda renunciou ao cargo em 1º de fevereiro deste ano, alegando que não se sentiria confortável administrando seu município com o presidente Lula da Silva no exercício de seu cargo; Carmen chama Lula de ‘corrupto’. Em Barra do Bugres o prefeito Divino Henrique (PDT) foi cassado pela Câmara por exercer medicina em Alto Paraguai, em função pública na prefeitura daquele município, o que fere a legislação. A vice-prefeita Maria Azenilda Pereira, eleita pelo MDB, o substituiu.

Eliene Liberato (PSB), de Cáceres, responde pela maior prefeitura administrada por mulher. As demais prefeitas são: Marilda Sperandio (Alto Taquari), Ana Maria Urquiza Casagrande (Nova Maringá), Janailza Taveira Leite (São Félix do Araguaia), Seluir Peixer (Aripuanã), Maria Lúcia Porto (Conquista D’Oeste), Margareth de Munil (Barão de Melgaço), Francieli Magalhães de Arruda (Santo Antônio de Leverger), Jo Soares (Santa Cruz do Xingu), Gheysa Borgato (Glória D’Oeste), Andreia Wagner (Jaciara), Marilza de Oliveira (Nova Brasilândia) e Luzia Brandão (Ribeirão Cascalheira).

Janailza Taveira, Maria Lúcia e Luzia Brandão foram reeleitas. Em 2016 Luzia Brandão foi eleita vereadora, assumiu a presidência da Câmara, substituiu o prefeito cassado e disputou uma eleição suplementar que a levou ao poder.

As mulheres ocupam 228 das 1.404 cadeiras nas câmaras municipais, o que corresponde a 16% dos vereadores mato-grossenses. Nos 10 maiores municípios há 162 cadeiras e elas respondem por 17, ou 10,42%. Esse grupo é composto por Cuiabá, com três; Várzea Grande (3), Rondonópolis (2), Sinop (1), Tangará da Serra (3), Cáceres (2), Sorriso (1), Lucas do Rio Verde (2), Primavera do Leste (3) e Barra do Garças, sem representante feminina.

A jornalista Michelly Alencar (União), a professora universitária Edna Sampaio (PT) e a educadora digital Maysa Leão (Republicanos) formam a bancada cuiabana feminina. Em 2020 Maysa ficou na suplência, mas chegou ao plenário com a eleição de seu correligionário Diego Guimarães em 2022 para a Assembleia Legislativa.

VICE – Mato Grosso teve uma vice-governadora. Em 2002, Iraci França (PPS) elegeu-se ao cargo na chapa do correligionário Blairo Maggi. Foi a única eleição disputada por Iraci, que é casada com Roberto França, que à época era prefeito de Cuiabá.
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