Inss é alvo de depoimento que detalha suspeitas de fraudes em empresas

Contador ouvido pela CPMI descreveu a atuação de empresas envolvidas em descontos irregulares em benefícios e negou indícios de lavagem de dinheiro.

Fonte: CenárioMT

Inss é alvo de depoimento que detalha suspeitas de fraudes em empresas
Foto: Lula Marques/ Agência Braasil.

A CPMI do INSS ouviu o contador Mauro Palombo Concílio, responsável por empresas suspeitas de receber valores obtidos por meio de descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas.

Residente nos Estados Unidos, ele retornou ao país para prestar depoimento e entregar documentos técnicos aos parlamentares. Palombo relatou ter sido contratado, em dezembro de 2022, para abrir quatro empresas destinadas a receber mensalidades associativas de beneficiários do INSS, assumindo a contabilidade dessas firmas a partir de janeiro de 2023.

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O período coincide com o aumento expressivo de descontos não autorizados. Segundo o Ministério da Previdência Social, o INSS cancelou 420.837 cobranças irregulares somente em 2023.

Entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023, Palombo disse ter movimentado pouco menos de R$ 2 bilhões em serviços prestados.

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O contador afirmou não ser responsável pela contabilidade de outras empresas citadas pelo relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar.

Lavagem de dinheiro

Questionado sobre indícios de lavagem de dinheiro, Palombo negou ter identificado qualquer movimentação suspeita nos extratos das empresas que administra. Ele disse não ter encontrado situações que exigissem comunicação ao Coaf.

Apesar disso, o relator o apontou como estruturador contábil das associações envolvidas nos descontos irregulares, afirmando que R$ 794 milhões passaram pela contabilidade administrada por ele.

Contabilidade de investigados

O contador confirmou que presta serviços a investigados pela CPMI, incluindo o ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho e sua esposa, Thaisa Hoffmann Jonasson. Ela é suspeita de movimentar ao menos R$ 18 milhões.

Também aparecem entre seus clientes o advogado Eric Douglas Martins Fidelis, o ex-dirigente da Aasap, Igor Delecrode, e o empresário João Carlos Camargo Júnior, conhecido como “alfaiate dos famosos”, citado em transações com outros investigados.

Palombo declarou não ter identificado inconsistências nas contas das pessoas físicas e empresas atendidas e disse desconhecer figuras apontadas como centrais no esquema, como Antonio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, além de Maurício Camisotti e Nelson Wilians.

Organização criminosa

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, afirmou que o caso envolve uma organização criminosa estruturada, e não falhas administrativas.

Ele criticou a ausência de alertas por parte de órgãos de controle, destacando que empresas recém-criadas movimentaram bilhões sem detecção de irregularidades. A comissão entra na fase final de trabalhos, com sessões previstas para os próximos dias 1º e 4 de dezembro. A expectativa é de que o relatório final proponha medidas de maior segurança.

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