Nesta sexta-feira, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, muitos senadores usaram as redes sociais na internet para lembrar a data e a importância da luta contra a desigualdade racial e o racismo no Brasil. Parlamentares defenderam a educação como arma contra o preconceito racial e condenaram o episódio violento ocorrido dentro de um supermercado no Rio Grande do Sul, que levou à morte de um homem negro a pauladas, nesta quinta-feira (19), véspera da data.
O senador Romário (Podemos-RJ) destacou trecho do livro Racismo Estrutural do jurista Silvio Almeida, em que o autor ressalta que a ciência já comprovou não haver diferenças biológicas que justifiquem discriminação entre as pessoas.
“O conceito de raça só serve para garantir privilégios a alguns grupos sociais e impor desvantagens a outros. No Brasil, a população negra é afetada pelo racismo há séculos. Sou negro e vim da favela, sei bem que são as pessoas negras que mais sofrem com a violência, a falta de acesso a direitos sociais, educação e emprego. É o racismo que impede as pessoas de ascender socialmente. É papel de todos nós lutarmos para combater esse mal”, destacou Romário.
Cid Gomes (PDT-CE) enfatizou a relação entre discriminação racial e desigualdade social.
“O dia da consciência negra há de ser permanente. Ao menos enquanto a maioria dos desempregados for negra ou a cor for usada como critério de avaliação. É nosso dever lutar para corrigir essas distorções históricas. E o melhor caminho é a igualdade na educação desde a base”, declarou.
A educação também foi apontada pela senadora Leila Barros (PSB-DF) como forma de combater a ideia de uma democracia racial no país, que nega a existência do racismo entre os brasileiros.
“Sem isso, jamais viveremos em uma democracia racial verdadeira. Esse futuro mais democrático precisa ser construído agora, com uma educação antirracista nas escolas públicas e privadas e dentro dos lares. Infelizmente, o racismo ainda está impregnado nos órgãos públicos, hospitais, escolas, universidades, empresas e na abordagem policial”.
Para a senadora, o racismo estrutural se revela nos índices de violência contra os negros e nas estatísticas do desemprego.
“Fica evidente nos comentários jocosos de cunho racista e também nas palavras racistas que utilizamos sem prestar atenção. A mudança dessa realidade vai muito além da criminalização do racismo. Passa por uma mudança em cada um de nós”, completou Leila Barros.
Renan Calheiros (MDB-AL) destacou a importância da luta antirracista e reforçou sua indignação sobre o caso de violência no supermercado.
“O racismo precisa ser enfrentado todos os dias por todos nós. Negros precisam poder viver suas vidas em segurança, protegidos pelos direitos de todos os cidadãos. Sem discriminações e livres de facínoras, como na inaceitável covardia em Porto Alegre”, disse.
Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) também manifestou apoio no combate ao racismo como um dever de toda a sociedade.
“O dia de hoje é importante e necessário. É momento de reflexão. De celebrar e defender a igualdade. Enquanto o racismo existir não teremos uma sociedade justa. Que tenhamos um mundo cada vez mais unido e que o preconceito seja vencido”, registrou.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) lembrou que a data é um dia de reafirmar a continuidade e o fortalecimento das lutas do povo negro.
“O combate ao racismo, à discriminação e ao genocídio da população negra, sobretudo jovem, são pautas permanentes do meu mandato, sem isso jamais iremos erradicar as desigualdades do Brasil”.
Zumbi
A data marca a morte, em 1695, de um dos maiores líderes quilombolas do Brasil, Zumbi dos Palmares, figura histórica destacada nas declarações do senador Fabiano Contarato (Rede-ES).
“Zumbi lutou pela libertação do povo negro contra o sistema escravista e colonial. Precisamos reverberar essa data histórica para ampliar as oportunidades inclusivas e as políticas reparatórias, e combater o racismo que é uma violência estrutural diária na vida da população negra”, observou.
Para Angelo Coronel (PSD-BA), Zumbi dos Palmares também é o grande símbolo na luta por uma sociedade mais igualitária.
“Símbolo não apenas de sua incansável luta contra a escravidão, mas também como uma oportunidade de reafirmarmos a permanente defesa da igualdade entre os povos e pelo fim da discriminação e do racismo”, afirmou.
Jader Barbalho é mais um a reconhecer a importância do legado da luta de Zumbi, há mais de 300 anos, contra o racismo no Brasil.
“Um grande líder negro que lutou pela liberdade, contra a escravidão. É um dia de reflexão contra a discriminação racial e a desigualdade social. Uma luta de todos os dias”, declarou.
A herança da escravização de pessoas negras no Brasil foi apontada como mancha histórica pela senadora Rose de Freitas (Podemos-ES). Para ela, ainda existem muitos desafios para que haja mais igualdade no país.
“O que é inacreditável! Nós tivemos quase quatro séculos de escravidão e, desde a era colonial, a desigualdade já é debatida e contestada — por pensadores, por exemplo, como o abolicionista Joaquim Nabuco. Como se não bastasse, após a abolição da escravatura, em 1888, a população preta, como registra Florestan Fernandes, foi jogada ao mundo, sem nenhum preparo, sem nenhum acolhimento, condenada ao descaso. E, até hoje, esse peso histórico tem seus efeitos devastadores, no Brasil e também em todo o mundo”,
A senadora ainda acrescentou que, somente agora em 2020, a Câmara de Vereadores de Vitória eceberá uma mulher negra eleita, que é Camila Valadão, do PSOL.
Mandela
Alguns senadores também mencionaram outros personagens históricos importantes. Eduardo Braga (MDB-AM) citou o ex líder sul-africano Nelson Mandela, falecido em 2013, que lutou contra as políticas segregacionistas (Apartheid) no seu país e foi vencedor do prêmio Nobel da Paz.
“Mandela foi um grande homem, um grande guerreiro que lutou pela igualdade bravamente. Peço licença e uso suas palavras para exaltar o mesmo desejo que tenho para a humanidade. Nesse Dia Nacional da Consciência Negra tire um tempo para refletir como suas ações podem auxiliar para combater o racismo e as desigualdades sociais”, pediu Braga.
Esperidião Amin (PP-SC) resgatou da infância a figura exemplar das suas primeiras educadoras, que eram mulheres negras.
“Em primeiro lugar vou me referir a Antonieta de Barros e a sua irmã Leonor de Barros, que foi a minha primeira professora, quem me alfabetizou. Além delas, homenagear Cruz e Sousa, o nosso grande simbolista, chegando até à figura da vereadora de Joinville, Ana Lúcia Martins [ameaçada de morte após ser eleita, para que a vaga fosse assumida pelo suplente, um homem branco] para dizer o quanto nós devemos evoluir para termos realmente uma sociedade integrada e justa. É um dia de reflexão!”, ressaltou.
Confira abaixo mais manifestações de outros senadores sobre o Dia da Consciência Negra:
- Alvaro Dias (Podemos-PR): “Que o respeito se faça presente hoje e sempre! E que todas as diferenças deem lugar à compreensão, solidariedade e empatia!”
- Telmário Mota (Pros-PR): “Dignidade e respeito não têm cor.”
- Marcos do Val (Podemos-ES): “20 de novembro é uma data que carrega vários anos de luta. Não podemos minimizar a história. Que todos os dias sejam de respeito, tolerância e amor ao próximo.”
- Dário Berger (MDB-SC): “Lembro com orgulho que a Lei 7.511, de 2007, ainda em vigor em Florianópolis, que criou a Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, fui eu quem sancionou quando prefeito. Uma iniciativa pioneira no Brasil e com trabalho reconhecido. Não é de hoje que o mundo roga por mais compaixão, respeito às diferenças, empatia, diálogo e amor!”
- Izalci Lucas (PSDB-DF): “O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é importante não só para o movimento negro, mas para toda a sociedade! É fundamental que a gente reflita sobre as nossas atitudes não só no dia de hoje, mas em todos os dias do de nossas vidas.”
- Rogério Carvalho (PT-SE): “20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Chega de racismo!”
- Tasso Jereissati (PSDB-CE): “20 de novembro: Dia da Consciência Negra. Reflexão e luta por igualdade e respeito”.