A sanidade animal e as exportações de carne foram tema do debate promovido nesta quinta-feira (9) pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado (CRA). O debate, solicitado pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), aconteceu durante a 44ª edição da Expointer, na cidade de Esteio (RS).
Heinze lembrou que, neste ano, a Organização Mundial de Saúde Animal reconheceu como áreas livres de febre aftosa sem vacinação os estados de Paraná, Rio Grande do Sul, Acre e Rondônia, além de parte do Amazonas e do Mato Grosso. Antes, só Santa Catarina tinha essa certificação.
— Com isso, novos mercados foram abertos para a exportação da carne bovina brasileira. Cerca de 20% do rebanho brasileiro de bovinos, ou mais de 40 milhões de cabeças, estão enquadrados no novo status sanitário.
O senador afirmou que essa certificação permite a exportação para países que são mais exigentes em termos sanitários e que pagam pela carne de boi um valor que, segundo ele, pode ser até 30% superior aos preços praticados no mercado internacional.
Entre os participantes do evento estavam representantes de cooperativas, de exportadores e da indústria do setor.
Gedeão Silveira Pereira, presidente Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), declarou que, para consolidar a posição do estado no mercado internacional, é preciso manter a qualidade do produto exportado.
— Nós temos que ter, como produtores rurais, como empresários, grandes cuidados com sanidade animal e vegetal. Porque qualquer desvio sanitário que houver significará uma repercussão muito grande — alertou.
Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destacou que os esforços pela consolidação do estado no mercado internacional se iniciaram no final da década de 1990, quando ele foi ministro da Agricultura do governo de Fernando Henrique Cardoso.
— O Rio Grande do Sul não exportava carne in natura. No dia em que recebemos a votação a favor da liberação do Rio Grande do Sul, ainda com vacinação, assinamos 60 acordos sanitários com outros países. Temos hoje tem 160 mercados abertos para a proteína brasileira — afirmou.
Representante do setor de agricultura familiar, Eugênio Zanetti, que é vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), ressaltou o empenho de entidades da área pela certificação do estado como área livre de febre aftosa sem vacinação. Ele defendeu a continuidade desse trabalho e observou que há uma “crescente demanda por proteínas animais”
— Precisamos seguir firmes e vigilantes, em um trabalho constante para continuarmos assim. Se o Brasil hoje é um país que tem uma sanidade reconhecida mundialmente, é porque tem um trabalho conjunto de muitas entidades — enfatizou.
Esse ciclo de palestras e debates da CRA, que estava paralisado desde o ano passado devido à pandemia, está sendo retomado neste ano junto com a realização da Expointer.