CMA discutirá possível influência de servidor da Embrapa na pauta ambiental do governo

Servidor teria utilizado de seu emprego público e reputação da Embrapa para influenciar a política ambiental do governo na disseminação de informações deturpadas e no negacionismo científico

Fonte: CenárioMT com inf. Agência Senado

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Paula Rodrigues/Embrapa

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) vai debater em audiência pública a possível influência do servidor da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Evaristo Miranda na pauta ambiental do governo. Apresentado pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), o requerimento foi aprovado nesta quarta-feira (9). 

Inicialmente, seriam votados dois requerimentos dos senadores Jaques Vagner (PT-BA) e Jean Paul Prates (PT-RN) para a convocação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a fim de que ela prestasse os esclarecimentos. Mas os parlamentares firmaram acordo para transformar esses pedidos de convocação em audiência pública, no intuito de ouvir mais autoridades no assunto. A data será agendada. 

Denúncias

Jean Paul menciona recente artigo publicado na revista científica Biological Conservation, subscrito por 12 cientistas brasileiros na área da conservação ambiental, denunciando que há três décadas e, mais intensamente, durante o governo Jair Bolsonaro, Evaristo Eduardo de Miranda tem utilizado de sua formação, emprego público, credenciais acadêmicas e reputação da Embrapa para influenciar a política ambiental do governo federal.

Essa influência, segundo o artigo mencionado pelo senador, tem se dado com base na disseminação de informações deturpadas, no negacionismo científico e em “estatísticas criativas” elaboradas com a utilização de “dados enviesados por uma narrativa ideológica que distorce a realidade ambiental do Brasil”. 

‘Guru ambiental’

De acordo com Jean Paul Prates, Evaristo de Miranda se tornou o “guru ambiental” da Presidência, e as teses defendidas por ele tiveram impactos em alterações na legislação ambiental que reduziram o grau de proteção dos biomas brasileiros. Dois exemplos são as teses de que as demandas por demarcações de terras indígenas e por criação de unidades de conservação excederiam o tamanho do território nacional e a de que não haveria indícios de danos à saúde humana causados pela fumaça emitida durante as queimadas da palha das lavouras de cana-de-açúcar.

O senador Jaques Wagner quer saber que medidas administrativas foram tomadas pelo Ministério da Agricultura em relação ao caso. Por conta das denúncias, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf) pediu a exoneração de Evaristo de Miranda do seu atual cargo, afirma o parlamentar.