O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta terça-feira (8) que errou ao atribuir ao Tribunal de Contas da União (TCU) um relatório que questionava o número de mortes por Covid-19 em 2020.
Mas, sem apresentar provas e citando apenas “vídeos de WhatsApp”, Bolsonaro insistiu que há indícios de exagero nas notificações de óbitos por Covid-19. Isso, entretanto, vai na contramão de especialistas que apontam que há subnotificação no Brasil.
“A questão do equívoco, eu e o TCU de ontem. O TCU está certo. Eu errei quando falei tabela. O certo é acordão”, disse Bolsonaro, que citou dois documentos, de números “2817” e “2026”. No acórdão 2817, há um trecho que diz que a transferência de recursos vinculados a quantidade de mortes poderia ser incentivo para supernotificação.
Bolsonaro também afirmou que estados aumentaram os dados “em busca de mais dinheiro”, o que, segundo ele, será investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
“Nós vamos para cima agora para exatamente apurar quais estados que fizeram supernotificação em busca de mais dinheiro. Quem pagou a conta alta com isso, com essas políticas de supernotificação, que tinha que ser justificada por lockdown, por toque de recolher? O mais pobre que perdeu sua renda”, disse o presidente.
Em 2020, o Brasil registrou 22% a mais de mortes por causas naturais do que o era esperado, segundo levantamento divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). As mortes por causas naturais incluem as que ocorreram por doenças, como a Covid-19. Nesse critério, não entram aquelas por acidentes ou armas de fogo, por exemplo.
Na análise dos dados, os pesquisadores apontam que a infecção pelo coronavírus não é, necessariamente, a causa direta do excesso de mortalidade visto para o ano passado, mas sim um “reflexo indireto da epidemia”, já que houve sobrecarga nos serviços de saúde, interrupção de tratamento de doenças crônicas e resistência de pacientes em buscar assistência.