O governo de Mato Grosso sancionou, em janeiro deste ano, a Lei n° 12.399/2024, que institui o Caminho Real, localizado entre os municípios de Araguaiana e Cuiabá. A autoria é dos deputados Beto Dois a Um (PSB) e Dr. Eugênio (PSB), e agora Mato Grosso caminha para entrar no rol dos estados que ofertam “passaporte real” com a definição de traçados de valor histórico a aporte turístico.
A rica história do Caminho Real, que deu origem a diversos estudos e tratados e agora norteia o projeto da primeira estrada real mato-grossense, iniciou-se em 1818, quando o engenheiro e oficial real Luis d’Alicourt descreveu o caminho que foi percorrido por D. João VI ao chegar ao Brasil.
De acordo com a lei, a rota percorrerá onze municípios: Barra do Garças, General Carneiro, Tesouro, Poxoréu, Primavera do Leste, Dom Aquino, Jaciara, Campo Verde, Chapada dos Guimarães e Cuiabá.
Os trechos pré-definidos serão marcados em condições locais para o acesso de caminhantes, ciclistas, motociclistas e veículos.
O deputado Beto Dois a Um (PSB), um dos autores da lei, entende que a nova lei é um marco em reconhecer o valor histórico da região por onde passa o Caminho Real.
“Precisamos falar que se trata de uma lei embasada em trabalhos científicos, estudos que mostram o valor histórico, cultural e turístico do trajeto. Ao reconhecer a relevância desse patrimônio histórico, vamos fomentar sua utilização como recurso turístico e educativo, promovendo o desenvolvimento sustentável das regiões por onde a Estrada Real passará”, destaca o parlamentar.
Conforme o deputado, a Lei 12.399/2024 estabelece medidas para salvaguardar o trecho de pouco mais de 550 km, garantindo a conservação, proteção e acesso público adequado.
“Além de ser um trecho com paisagens deslumbrantes, é uma rota estratégica e turística que atravessa vários municípios importantes de Mato Grosso. Considerando o valor histórico, cultural e turístico do Caminho da Estrada Real, temos agora garantidas por lei a preservação e a promoção desse importante patrimônio brasileiro que passa por Mato Grosso. Ao reconhecer a relevância desse patrimônio histórico, vamos fomentar sua utilização como recurso turístico e educativo, promovendo o desenvolvimento sustentável das regiões por onde a Estrada Real passa”, ”, aponta Beto Dois a Um.
Ainda de acordo com o parlamentar, a implementação de políticas de preservação e promoção do Caminho da Estrada Real contribuirá para o fortalecimento da identidade cultural das comunidades locais, vai estimular o turismo responsável e criar oportunidades de geração de emprego e renda para as regiões envolvidas.
“Ações como sinalização adequada, a criação de centros de visitantes, a capacitação de guias turísticos e a promoção de eventos culturais e educativos, assim será possível explorar todo o potencial desse importante monumento estadual. Além disso, a proteção e valorização do trecho são fundamentais para a preservação da memória coletiva, contribuindo para a construção de uma sociedade mais consciente da sua história e patrimônio”, assinala.
O Caminho Real vai resgatar as tradições, destacando as belezas e riquezas locais, além de fomentar o turismo e agregar o setor econômico.
Para o deputado Dr. Eugênio, o projeto vai resgatar um pouco a história e cultura mato-grossense.
“Essa iniciativa foi baseada numa obra do engenheiro Luiz D’Alincourt, que fazia a rota desde o Porto de Santos até Cuiabá, onde pudemos ver a importância que significava esse trajeto para Mato Grosso. Espero que, essa percurso pode ser reavivado para que as futuras gerações conheçam um pouco mais da nossa história. Essa rota vai fortalecer a parte do turismo, fazendo com que a rede hoteleira e restaurantes possam ser exploradas trazendo muitos benefícios para o estado”, lembrou Dr. Eugênio.
Geólogo e um dos envolvidos nas articulações para consolidação do projeto, Romualdo Povroznik Junior explicou que a ideia dos Caminhos Reais começou quando foi solicitado apoio técnico da Secretaria de Cultura do município de Barra do Garças (MT).
“Começou por meio de um estudo do meu mestrado com o tema Estudo das Potencialidade Geoturística do Parque Estadual Serra Azul, em Barra do Garças, quando conheci a Lei Municipal 4.209/2020, que reconhece como relevante interesse turístico/cultural do município o roteiro turístico Travessia do Roncador e Travessia Serra Azul, daí surgiu a iniciativa desse projeto”, disse.
O geógrafo afirmou que o trajeto terá 558 quilômetros, entrando em território de Mato Grosso por Araguaiana. “A ideia é que a rota seja ornamentada com histórias e monumentos, dividida em trajetos, para cada trecho será estipulado o modal que poderá percorrê-la (bike, a pé, moto, carro,) dependendo verificação de cada lugar. E a passagem, dependendo do lugar, será autorizada pelos municípios através do passaporte”, detalhou Povroznik.
O geólogo informou ainda que existe um grupo trabalhando no trajeto de Cuiabá até Chapada na trilha chamada “top de fita”, cujo traçado é o mesmo idealizado pelo engenheiro e historiador Luiz D’Alincourt.
“Já demos a notícia aos organizadores desse trajeto que está com o projeto adiantado com cronograma de formatação da trilha feito. Em Barra do Garças, o caminho já é explorado”, finalizou Povroznik.
Conheça o trajeto do ‘Caminho Real’
O início da rota é atravessando o rio Araguaia. Em Araguaiana, segue o curso d’água. Depois, na fazenda Fogaça, de propriedade de Tonico Farias, onde era a alfândega, sobe a serra do Taquaral e desce em General Carneiro, segue o traçado atual da rodovia BR-070, depois passa por Barra do Garças, Poxoréu e Primavera do Leste. Ali na altura da cantina da uva, desce-se o morro até o penhasco e encontra-se com um rio de águas leitosas. Segue por Poxoréu até a escarpa do morro, entrando em Dom Aquino na divisa com Jaciara. Depois sobe o morro até chegar em Campo Verde.
Na sequência, entra na rodovia MT-251, sentido Chapada dos Guimarães, até o Véu de Noiva pelo antigo engenho dos Buritis, chegando ao Coxipó-Mirim e depois ao Coxipó do Ouro e, finalizando, ao Arraial da Forquilha, hoje região da Prainha em Cuiabá.