A reforma tributária foi aprovada na madrugada desta sexta-feira (7) com o empenho pessoal do presidente da Câmara, Arthur Lira, que bancou a ida do projeto ao Plenário, apesar de o governo ter interesse mais urgente na aprovação dos projetos do Carf e da nova regra fiscal.
Na reta final, a aprovação da reforma foi turbinada com a adesão ao texto do governador paulista, Tarcísio de Freitas, em articulação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Da bancada de 70 deputados, 53 foram favoráveis, com votos em peso do PT e do Republicanos, partido do governador.
O estado de São Paulo temia perder a autonomia nas discussões sobre a arrecadação do IBS – imposto que surge com a união do ICMS e do ISS – no conselho federativo que será criado para gerir o novo tributo. Tradicionalmente, o estado de São Paulo sempre se posicionou contra as reformas, temendo perda de arrecadação.
Na quarta-feira (5), Tarcísio levou essa questão para Haddad, que atuou na direção do que queria São Paulo: que fosse, de alguma maneira, levado em consideração o tamanho do estado, em termos de população, nas decisões do conselho.
No final, o relatório de Agnaldo Ribeiro não trouxe exatamente o que Tarcísio queria, mas, segundo um integrante do governo paulista, ouvido pelo blog, ficou “razoável”: para qualquer decisão ser tomada no conselho ela tem de ter a anuência dos estados que representam pelo menos 60% da população.
Às 19h58 de quinta-feira (6), no grupo de WhatsApp da bancada paulista, foi enviada uma mensagem, em nome do governador, pedindo o apoio a reforma aos 70 parlamentares.
“Senhores deputados e deputadas! Nosso governador Tarcísio acaba de informar à coordenação da bancada paulista que ele foi atendido com as alterações e pede SIM para a reforma tributária.”
O apoio de Tarcísio à reforma o desgastou com os bolsonaristas. Na manhã de quinta-feira, ele foi hostilizado por deputados do PL e ouviu do ex-presidente Bolsonaro que era melhor votar contra a reforma.
Tarcísio busca se distanciar dos radicais do bolsonarismo, sem necessariamente abandonar o ex-presidente. Mantém uma estratégia de se posicionar como um político de direita com diálogo com o centro, o que dá musculatura a ele do ponto de vista eleitoral.
Mas tem um efeito colateral: ser alvo de críticas do grupo mais extremista que apoia Bolsonaro.