O projeto político do então deputado federal Jair Bolsonaro (PL) para disputar a Presidência, em 2018, resultou na corrida de militares e policiais aos palanques, Brasil afora, todos filiados a partidos de orientação direitista.
Em Mato Grosso, não foi diferente e, dentre os que buscavam caminho político, o delegado da Polícia Civil, Flávio Henrique Stringueta (Republicanos), que foi homologado candidato a deputado estadual, mas que recuou, enquanto os demais permanecem atrás de votos.
O que levou Stringueta a sair da disputa eleitoral?
“A política não me empolgou”, diz ele, com firmeza de convicção em mea culpa por sua curta e atropelada investida nos meios eleitorais.
Na sequência, cita o empurrão que o arrastou à candidatura que o jogou na chapa do Republicanos para deputado estadual, da qual saiu antes mesmo de seu registro pelo Tribunal Regional Eleitoral.
“Fui lançado pré-candidato a algum cargo por conta da minha postura contra benefícios imorais pagos aos membros do Ministério Público Estadual (MP); benefícios imorais criados por leis corruptas”, disse.
Essa postura foi uma faca de dois gumes: abriu as portas do partido e afugentou eleitores.
A abertura das portas do Republicanos foi a coisa mais natural.
O partido o via na condição de puxador de votos, o que é muito importante, principalmente agora, após o fim das coligações para cargos proporcionais.
Candidato por um partido que não figura entre os grandes e sendo um rosto a mais entre dezenas de candidaturas, Stringueta, certamente, buscou em sua experiência policial a razão para a desistência: possivelmente teria avaliado que política por não ser ciência exata não deve ser levada ao pé da letra e que uma denúncia considerada grave além de desencadear forte reações contra o denunciante afasta considerável parcela da população do mesmo.
No mundo interior da política, Stringueta não se sentia confortável.
Somando-se a isso a resistência familiar contrária à sua candidatura, ele desistiu oficializando sua decisão ao presidente regional do partido, Adilton Sachetti.
Saiu com sentimento de alívio e sem esconder que não quer e não sabe ser político.
Procurando manter distância da disputa eleitoral, Stringueta não comentou sobre a campanha em Mato Grosso, mas nem isso o impediu de expressar seu coleguismo.
Disse que tentará transferir ao deputado estadual e candidato à reeleição Delegado Claudinei (PL), o capital eleitoral que conquistou, e observou sobre o apoio: “Ele (Delegado Claudinei) é atuante e tem feito tanto pela Segurança Pública”.
A Executiva Provisória do Republicanos não anunciou o nome que deverá substituir Stringueta na composição de sua chapa.
Por outras razões, candidatos a deputado estadual de algumas legendas também desistiram da disputa, a exemplo de Oscar Bezerra (PP) e Walace Guimarães (PV).
NOMES – A candidatura de Stringueta era um dente da engrenagem policial mato-grossense que pretende continuar no poder ou o disputa.
E, dentre ela, o deputado federal e policial rodoviário federal José Medeiros (PL), que tenta a reeleição; os coronéis Assis (União), Fernanda (PL), Sandro (Patriota) e Zózima (PTB), e o vereador por Cuiabá Sargento Vidal (MDB), que concorrem para deputado federal; o sargento da Polícia Militar Elizeu Nascimento (PL), o Delegado Claudinei (PL) e o policial penal João Batista do Sindspen (PP), todos deputados estaduais que concorrem à reeleição; o vereador por Cuiabá e tenente-coronel da PM, Marcos Paccola (Republicanos), candidato a deputado estadual; o vereador por Alta Floresta e policial civil Luciano Silva (Podemos), candidato a deputado estadual; o vereador por Cuiabá, Sargento Joelson (PSB), candidato a deputado federal; os candidatos a deputado estadual Cabo Costa (Patriota), Tenente-Coronel Vânia (PL) e Sargento Laudicério (PP); os postulantes a deputado federal Sargento Wagner (PDT) e Sargento Lucélia (PL), dentre muitos outros.