Na última década, fomos surpreendidos por uma avalanche de inovações tecnológicas que buscam por funções práticas em nossas vidas, sempre com foco em agilizar a rotina, facilitar processos e proporcionar mais conforto. Uma dessas novidades é o tão abordado, Metaverso. Tido como uma das maiores promessas na área da tecnologia e o sucessor da Internet como conhecemos, uma das grandes questões a se discutir são os impactos futuros que este novo “mundo” nos dará. Afinal, será que a sustentabilidade e o Metaverso são duas coisas que podem caminhar juntas?
Antes de mais nada, precisamos entender o que é o Metaverso. Originário de um conceito criado no livro de ficção científica dos anos 90 chamado Snow Crash, do escritor Neal Stephenson, o Metaverso pode ser definido como uma realidade paralela digital onde por meio de tecnologias diversas como Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Computação Gráfica 3D, Avatares, Blockchain, conectividade 5G entre outras; as pessoas podem viver, trabalhar, se comunicar e se divertir. É como o mundo real, mas com muito mais possibilidades. É a convergência de tudo o que a humanidade já construiu em termos de tecnologia até aqui.
Podemos citar o metaverso como um caminho que está sendo trilhado com foco no futuro. Um artigo do VentureBeat, site de tecnologia americano, mostrou que nos próximos 15 anos o setor pode movimentar de R$10 trilhões a R$30 trilhões, números que representam a inclinação social para o consumo da tecnologia. Por ser uma verdadeira propensão da sociedade, a preocupação com os impactos ambientais que o metaverso pode oferecer já é pautada. Segundo matéria publicada pela World Institute of Sustainable Development Planner (WISDP), instituto de aprendizagem e pesquisa que coopera com a política de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, hoje os serviços que envolvem T.I e dados na nuvem emitem cerca de 2% da quantidade global de carbono, semelhante à quantidade do setor da aviação (2,5%).
Apesar da probabilidade de um possível impacto negativo no meio ambiente, as soluções sustentáveis para este problema já estão sendo estudadas e, inclusive, já têm prática. Iniciativas como a Destination Earth, criada em 2021 pela Agência Espacial Europeia (ESA) e a Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT), visa desenvolver um digital twin (gêmeo digital) da Terra, ou seja, um modelo virtual tridimensional altamente detalhado do planeta, que busca mapear o desenvolvimento do clima, eventos naturais e projetar impactos ambientais no futuro com precisão, além do planejamento da gestão de água doce do planeta, alimentos e parques eólicos. Com esse projeto, poderemos, de certa forma, ter uma real projeção do nosso futuro e impedir os impactos que as ações humanas podem ter no planeta nas áreas de consumo, energia, logística e sustentabilidade, podendo se tornar uma ferramenta extremamente útil, ajudando até na tomada de decisões políticas.
De acordo com o Ernst & Young Global Limited (EY), as cidades são responsáveis por 70% da emissão de CO², sendo 28% apenas da construção, aquecimento, refrigeração e iluminação. É neste ponto que os gêmeos digitais farão a diferença, pois futuramente essas áreas terão suas réplicas dentro do mundo virtual, possibilitando um mapeamento preciso dos problemas que pedem por soluções ou melhorias, incluindo as questões sustentáveis, como o consumo de energia, economia de recursos naturais e preservação.
A Ernst & Young Global também crava que os gêmeos digitais podem reduzir a emissão de CO² de um edifício em 50%, melhoras na eficiência operacional em 35% e aproveitamento de espaço de 15%. Isso nos mostra que apesar da real emissão de CO² que serviços tecnológicos causam, sua utilização é mais do que necessária para buscarmos soluções para problemas futuros.
Apesar das simulações com gêmeos digitais serem um aspecto importante do Metaverso, vale a pena ressaltar que esta é só uma das inúmeras aplicações desta tecnologia que pode nos auxiliar na redução dos impactos ambientais no presente e no futuro. Outras opções como as reuniões remotas e o turismo digital por meio dos óculos de Realidade Virtual podem ajudar no controle do consumo de energia e da emissão de CO², já que reduzem o tráfego aéreo e de veículos nas cidades e países.
Por fim, sempre vale a pena repensar as formas que utilizamos essas tecnologias para aprimorar nosso mundo e com o Metaverso estamos apenas começando a ver as possibilidades de contribuirmos para um futuro melhor e mais sustentável.
Renato Abreu Ortiz de Andrade é Product Designer, possui MBA em Marketing e Inovação, trabalha em projetos com tecnologia imersiva (AR, VR, RA) e fez parte da equipe vencedora do Startup Weekend Vitória de Negócios Sustentáveis. Atualmente, Renato é colaborador do Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia.
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Com três sedes em Manaus (AM) e uma em São Paulo, o time do Sidia é formado por mais de 1.100 profissionais engajados com a inovação, composto por especialistas de diferentes formações intelectuais e culturais, além de infraestrutura de ponta