Maternidade e importância do autocuidado

Fonte: Vanessa Kasy

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Foto: Divulgação

Após o nascimento do filho, é natural que a atenção e a preocupação da família se voltem para o bebê, mas isso não deveria significar negligência com a saúde materna. Estudos demonstram que uma criança saudável precisa de uma mãe saudável. Além disso, alguns hábitos se tornam exemplo para os filhos desde cedo.

Quais seriam, então, os cuidados com a saúde da mãe? Um dos pilares é justamente uma alimentação balanceada nas várias fases de vida dessa mulher, principalmente no período de puerpério e lactação, com os nutrientes necessários, porém, sem risco de sobrepeso ou obesidade.

Nesse contexto, é importante haver um planejamento e um acompanhamento nutricional, que pode começar na gestação, para dar suporte para todas as mudanças que a mulher enfrenta antes e após o nascimento do filho. A principal delas, sem dúvida, é na mentalidade que muda agora que ela está cuidando de outro ser humano e, muitas vezes, deixa de se ver como prioridade.

O grande desafio é que as mães entendam que precisam manter uma rotina de autocuidado que inclui alimentação equilibrada (que já falamos), sono de qualidade, que sem dúvida é difícil logo após o nascimento do bebê, prática regular de exercício físico, tempo de descanso, lazer e hobbies. Tudo isso vai exigir uma rede de apoio, que é outro ponto importante.

Na rotina do consultório, acabo me deparando com situações críticas, de mulheres perderam a identidade após o nascimento do filho, algo que reflete até na forma como se alimentam. É comum ouvi-las dizer que almoçaram ou jantaram o que tinha, o que deu, que pode ser muitas vezes os restos da refeição das crianças. “Se meu filho não comeu tudo, eu como”, “quando ele terminou o prato, eu comi”.

Infelizmente, o contexto atual favorece um quadro de adoecimento físico e mental das mães que enfrentam: privação de sono, sedentarismo, alimentação inadequada, ausência de atividade de lazer, pouco descanso e ainda excesso de telas (celular, por exemplo). Tudo isso costuma gerar aumento do hormônio cortisol ou “hormônio do estresse”, que regula o humor, a motivação e o medo.

Um dos efeitos do excesso do cortisol é justamente o aumento do peso, sobretudo no rosto, abdômen e atrás do pescoço, devido a um aumento e redistribuição da gordura corporal. Outra desvantagem para as mulheres, que já são afetadas pelo ciclo menstrual e outros hormônios femininos mensalmente, é o quadro de retenção de líquidos e inchaço, contribuindo para o aumento do peso.

Reverter o adoecimento ou mesmo prevenir demonstra a importância da organização da família para a chegada da criança, pontuando os itens que são fundamentais para a saúde da mãe e do bebê. Claro que não podemos deixar de levar em conta um contexto social diverso brasileiro, onde há milhares de mães solo ou outras situações adversas envolvendo a maternidade.

Se a sua situação permitir, mulher, planeje-se para a experiência da maternidade de modo a envolver seu parceiro, a família de ambos, os amigos, vizinhos, colegas de trabalho e ainda conte com ajuda profissional sim, seja para ajudar com as demandas do bebê, seja para os seus cuidados básicos e da casa!

Nenhuma mulher deveria passar por tamanha transformação se sentindo sozinha. Não deveríamos ter que “dar conta de tudo”. Na Espanha, desde 2021, a licença maternidade e paternidade são equiparadas (de 4 meses). Até chegarmos a um contexto social como este, talvez seja necessário um despertar de consciência individual. Portanto, mãe, priorize-se. Mantenha sua rotina de autocuidado!

Vanessa Kasy, nutricionista com formação na UFMT e pós-graduação em Comportamento Alimentar.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.