Workshop de Apicultura e Meliponicultura abordou temas como Associativismo, Sanidade Apícola e Diversificação de Produtos

O workshop ressaltou a importância das abelhas para a polinização das plantas e a contribuição da atividade para o aumento da produtividade nas propriedades por meio de práticas sustentáveis

Fonte: Assessoria/Tâmara Figueiredo

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Foi realizado no auditório da CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas o I Workshop de Apicultura e Meliponicultura. O evento foi uma realização do Clube Amigos da Terra – CAT Sorriso, por meio do Projeto Cultivando Vida Sustentável (desenvolvido numa parceria do CAT com a Cargill e a IDH). O evento, realizado no dia 04/10, também marcou o dia Nacional das Abelhas, comemorado em 03 de outubro. Participaram do workshop estudantes do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), técnicos, apicultores e produtores da Agricultura Familiar de Sorriso e de outros municípios da região como Sinop, Vera, Alta Floresta, Nova Ubiratã e Marcelândia. O evento contou com o apoio da UFMT, FAVET, Corpo de Bombeiros e IFMT.

No período da manhã foi realizada a parte teórica, com apresentações de palestras que abordaram temáticas como “Associativismo e Cadeia Produtiva da Apicultura e da Meliponicultura em Mato Grosso”, ministrada pelo professor Júlio Junior Belinki, que abordou sobre a importância dos apicultores se organizarem em sistemas de cooperativas ou associações para o fortalecimento de grupos de pequenos produtores que desenvolvem a atividade. A segunda palestra trouxe como tema: “Colmeias e Oportunidades – Como Empreender no Mundo da Apicultura e da Meliponicultura” (comercialização de subprodutos) com a professora Kárita Fernanda da Silva Lira, que falou sobre a questão da qualificação dos variados produtos na atividade apícola que podem ser explorados para a comercialização. A terceira palestra foi sobre “Sanidade Apícola, Uma Abordagem Pelo Apicultor”, apresentada pelo pesquisador Afonso Londovico Sinkoc, teve o objetivo de mostrar aos participantes o aspecto de saúde e doença.

O workshop abordou a respeito das vantagens para o apicultor de desenvolver um trabalho em conjunto,  O cooperativismo e o associativismo que já ocorre entre apicultores, muitas vezes não é oficializado. A importância desse associativismo e cooperativismo foi reforçada junto aos produtores para que possam se organizar no sentido de encaminhar suas demandas ao Estado. As associações e cooperativas trazem organização para a atividade e fortalecimento da cadeia produtiva, que é baseada na agricultura familiar, e proporciona conquistas, que muitas vezes o pequeno produtor, estando sozinho, não consegue.

Já a palestra sobre Sanidade Apícola teve uma abordagem a partir da ótica médico-veterinária, conforme explicou o palestrante: “para que o produtor tenha o conhecimento básico de que uma doença não ocorre somente pelo processo de introdução de um agente patogênico, ou um agente de doença no apiário, ela depende de uma série de fatores para que essa doença efetivamente se manifeste. Então tivemos essa preocupação de mostrar isso ao produtor, de que essa dualidade saúde e doença não são excludentes, e existem vários fatores que podem influir e a gente destaca principalmente os fatores que são passíveis de serem trabalhados de serem controlados pelo produtor de modo a garantir a saúde da abelha e minimizar a ocorrência de doenças e por consequência, ter uma maior eficiência na produção dos produtos das abelhas”, afirmou o pesquisador e médico veterinário Afonso Londovico Sinkoc.

Apicultura eficiente

O workshop teve o objetivo de qualificar os produtores para que possam desenvolver a atividade de maneira eficiente e contribuir para a geração de renda, diante das inúmeras possibilidades de produtos e subprodutos que a apicultura pode gerar. A palestra da professora Kárita Fernanda da Silva Lira foi extremamente interessante, pois demonstrou aos produtores todo o potencial que a atividade tem do ponto de vista da comercialização dos produtos das abelhas, tanto de ‘Apis mellifera’, que são as abelhas europeias ou africanizadas, quanto do grupo das abelhas sem ferrão e as possibilidades que se tem de ampliar o leque de produtos, que o produtor explora basicamente o mel e explora muito pouco os demais produtos das abelhas, que podem ser comercializados e agregar valor, tornando uma fonte de renda para o pequeno produtor da Agricultura Familiar.

A professora Kárita avaliou positivamente o evento. “O Workshop foi um encontro bem interesse em que contamos com um público misto, sendo eles produtores, técnicos e discentes do curso técnico de Agropecuária. Foi bastante enriquecedor ver que os ouvintes estão em busca de novas oportunidades, principalmente ao ver as expressões de surpresa ao falar sobre o mercado de produção de rainha, com métodos de inseminação para o melhoramento genético e consequentemente o aumento da produção. Além disso, as falas dos colegas sobre a importância do cadastro do empreendimento junto ao INDEA para o monitoramento das colmeias, e a ênfase de todos os palestrantes no potencial do mercado de polinização, mostraram alternativas para os produtores para mitigar as perdas ocorridas por defensivos agrícolas, mostrando que criadores de abelha podem fazer parcerias sustentáveis com agricultores, trazendo benefícios para ambas as produções”, salientou.

Abordagem Prática na Sanidade Apícola

No período da tarde foi realizada a parte interativa e prática com a Oficina: “Abordagem Prática na Sanidade Apícola”, que foi ministrada pelo professor da UFMT e médico veterinário, Afonso Lodovico Sinkoc, que abordou doenças na apicultura e a coleta correta de amostras para análise em laboratório. Para a oficina prática, os participantes se deslocaram até um apiário, situado às margens da BR 163.

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O pesquisador também destacou como foi a oficina prática, realizada no apiário: “Na oficina prática, como a gente pensou na questão de doenças, a gente tentou mostrar para o produtor como o médico veterinário atua na identificação de doenças e na coleta de material, para que ele esteja sintonizado com o médico veterinário, principalmente o veterinário do serviço oficial de sanidade que é o INDEA, de tal modo que ele tenha consciência do que o médico veterinário vai fazer, que tipo de material ele vai coletar, como ele vai coletar e quais os procedimentos que o produtor pode desenvolver durante esse processo de coleta de material, de tal modo para tornar o serviço veterinário mais eficiente na coleta, quais os pontos que o médico veterinário olha como suspeita e com isso, acaba estimulando o produtor a informar o veterinário durante a abordagem que algumas situações na colmeia não estão dentro da normalidade. Uma vez que o apicultor desenvolve a atividade diuturnamente e o serviço sanitário oficial tem a capacidade de abordar e tentar estabelecer o diagnóstico preciso dos quadros de doença, mas não tem o que o produtor tem: que é a rotina diuturna de trabalho com as abelhas, essa vivência prática do apicultor é muito importante para visualizar possíveis quadros que possam ser caracterizados como doenças”. Salientou o professor Afonso.

Durante a capacitação também foram distribuídas mudas de café, doadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, de Alta Floresta. Além disso, foram realizados sorteios de duas caixas de abelha e um núcleo de abelhas (usados para divisão de colmeias ou caixa-isca).

Colaboração

O bombeiro militar e apicultor, Niki Nelson Antonietti, ressaltou a importância de poder colaborar com a organização, mas seu aproveitamento também como apicultor. “Eu como produtor e apicultor só tenho a agradecer ao CAT e aos parceiros por esta iniciativa. Por ser o primeiro workshop pensando em agregar os produtores e apicultores locais, foi de suma importância pois aprendemos novas tendências sobre manejo sobre a apicultura e meliponicultura. Para nós o evento foi de suma importância e já estamos na expectativa para o segundo workshop, a exemplo dos produtores de Sinop e de Marcelândia que já querem levar esses conhecimentos para serem implantados em seus municípios”.

A zootecnista do CAT Andreia Sousa avaliou positivamente a realização deste evento voltado à qualificação dos produtores “Eventos voltados para Apicultura e Meliponicultura são fundamentais para produtores, técnicos e estudantes, pois oferece capacitação, troca de experiências e atualização sobre assuntos relevantes da área. Além disso, promovem a valorização da preservação das abelhas para a biodiversidade e a produção agrícola da nossa região”.

O comerciante e apicultor, o venezuelano Richard Alexander Vitora Guedes, iniciou na atividade há pouco tempo, a partir de um curso ministrado pelo IFMT. Ele afirmou ser um apaixonado pela apicultura e pelas abelhas. Ele busca cada vez mais conhecimento para se aperfeiçoar na atividade. “Para mim posso dizer que foi um aprendizado maravilhoso esse workshop, pois ampliamos nosso conhecimento com os profissionais que vieram para trazer muitas informações importantes. Gostei muito do curso prático, o professor passou conhecimentos sobre como evitar doenças e mortandade de abelhas. Como podemos colher amostras para saber de onde vem as doenças se vem de fora ou de dentro das abelhas. Todo mundo tem uma experiência para contar. Gostei de saber que já existem fazendas onde se cultiva soja 100% orgânica, onde os japoneses exigem que seja polinizada por abelhas, isso é algo maravilhoso. Gostei muito do curso e creio que as palestras tenham sido muito boas para incentivar um negócio sustentável, que além de tudo, é muito bom para a natureza, para a polinização e floração das plantas”.

A produtora da Agricultura Familiar de Marcelândia, Hermínia Felizarda Santan, disse que ela e o marido participaram do workshop e gostaram muito sobre tudo o que aprenderam. “A gente gostou muito do curso eu e meu esposo somos de Marcelândia. A gente gostou das palestras, foram muito bem explicadas. Fomos muito bem recebidos por toda equipe. A gente não tem palavras para agradecer ao CAT por esse curso que trouxe tanto conhecimento para a gente. Foi muito gratificante. Também fiquei feliz porque ganhei no sorteio uma caixa de abelha, que já vou abrigar minhas abelhinhas”.

Representantes da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Alta Floresta, Sérgio Firmino Sérgio, engenheiro agrônomo e técnico de assistência na Secretaria de Agricultura de Alta Floresta, e José Alesando Rodrigues, diretor de Desenvolvimento Sustentável, visitaram o Clube Amigos da Terra e também participam do Workshop de Apicultura e Meliponicultura promovido pelo CAT e parceiros. O objetivo foi adquirir conhecimentos e promover a troca de experiências.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.