Técnicos fazem curso sobre “pomar de sementes” no Mato Grosso

Fonte: Assessoria

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Foto: Daniel Medeiros / BME

Atendendo a demanda do Comitê Técnico de Sementes Florestais, da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (Abrates), a Embrapa oferece nesta semana curso sobre pomar de sementes junto à Rede de Sementes Portal da Amazônia, em Alta Floresta, no Mato Grosso. A atividade está sendo conduzida pela pesquisadora Juliana Freire, da Embrapa Agrobiologia, que tem ampla experiência com reflorestamento, coleta de sementes e implantação de pomares. “O curso é voltado para técnicos da região, que vão multiplicar o conhecimento junto a produtores. Já temos experiência com a implantação de pomares e coleta de sementes, então a ideia é passar esses conceitos de uma forma simples, para que eles possam colocar em prática”, explica Juliana.

Hoje, um dos grandes gargalos na região é a perda de matrizes de árvores nativas, muito devido ao avanço do agronegócio e de plantações de soja. Assim, o curso aborda métodos para fazer o resgate e conservação genética de espécies de importância econômica e ecológica, visando à restauração florestal. A expectativa é apresentar aos técnicos conhecimentos e tecnologias para auxiliar no processo de coleta de sementes dessas matrizes e também nos estudos realizados no local sobre melhor compatibilidade entre matrizes de determinadas áreas. De acordo com a pesquisadora, o trabalho com pomar de sementes realizado pela Rede de Sementes Portal da Amazônia tem grande importância na conservação de matrizes das árvores nativas da Floresta Amazônica.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que realiza o monitoramento da Amazônia desde 1988, houve, na região, 81% a mais de focos de calor em 2019 do que nos últimos dez anos. Para o Instituto, a principal explicação para esse registro é o alto nível de desmatamento da floresta, que vem aumentando cada vez mais ao longo desta década.

Em meio a isso, uma das alternativas encontradas para combater o desmatamento e impedir a extinção de espécies nativas é a técnica de “pomar de sementes” – uma plantação manejada para produção de sementes de melhor qualidade a partir do mapeamento e monitoramento de diferentes matrizes. “Planta-se diferentes matrizes, que tiveram um cuidado na coleta para rastreamento da procedência e avaliação do material genético, e aí faz-se o acompanhamento de seu desenvolvimento, em comparação uma com a outra”, explica a pesquisadora. O ideal, segundo ela, é que sejam plantadas 30 matrizes diferentes da mesma espécie. “Monitoramos o crescimento e a sobrevivência sob uma determinada condição bioclimática, na busca do material que melhor se adeque à região”, pontua.

Apesar de a Rede de Sementes Portal da Amazônia já estar fazendo o mapeamento de matrizes na área, junto aos coletores e produtores, o curso será o ponto de partida para o projeto do pomar de sementes na Floresta Amazônica. “São trabalhos a médio e longo prazos, porque são espécies que têm ciclos de vida longos. Normalmente, o interesse é com espécies mais raras e mais ameaçadas, por terem uma madeira de melhor qualidade, mas crescimento lento. Então, o projeto é uma sementinha que vamos plantar agora, mas que só vamos ter resultados talvez daqui a 20 anos”, conta Juliana.

A capacitação tem bastante suporte nos sistemas agroflorestais (SAFs), que consistem em uma das técnicas para restauração indicadas pela Embrapa, pensando também no manejo e monitoramento do arranjo. Além de aulas práticas no entorno, incluindo exposições de frutos das espécies regionais, marcação de matrizes e coletas de sementes, as temáticas teóricas abordadas englobam biologia reprodutiva de espécies arbóreas, fenologia e calendários fenológicos, técnicas para colheita de sementes florestais, plantios de pomares de sementes em SAFs, técnicas de manejo, entre outros.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.