A colheita da safra de algodão 2023/24 em Mato Grosso se aproxima do fim, mas os produtores enfrentaram um ciclo cheio de desafios. Fábio Pittelkow, diretor de pesquisa da Fundação Rio Verde, destacou que a safra foi marcada por adversidades climáticas e fitossanitárias, que afetaram a produtividade das lavouras, gerando preocupações para o próximo ciclo agrícola.
“Nós tivemos uma safra desafiadora com a cultura do algodão”, explicou Pittelkow. Ele mencionou a alta incidência de mancha-alvo, muito superior à registrada em anos anteriores. Esse aumento está relacionado às condições climáticas observadas no final de março e início de abril, com períodos de pouca luminosidade e alta umidade, devido às chuvas constantes. “Esses fatores favoreceram o desenvolvimento da doença, afetando principalmente o terço médio e a base das plantas, o que resultou em uma queda considerável na produtividade”, detalhou.
Além da mancha-alvo, os produtores também enfrentaram a pressão de pragas como o bicudo em algumas áreas e um complexo de lagartas que, embora não tão agressivo quanto em outras regiões, trouxe desafios adicionais.
Segundo Pittelkow, a produtividade desta safra ficou abaixo da registrada no ciclo anterior. O rendimento de pluma, por exemplo, apresentou uma queda entre 1,5% e 2% em relação ao histórico das variedades cultivadas, o que representa um motivo de preocupação. “Além de uma colheita abaixo da média, estamos enfrentando problemas de qualidade da fibra, o que torna o ano ainda mais desafiador”, afirmou.
Apesar das dificuldades, a Fundação Rio Verde está utilizando esses desafios como oportunidade de aprendizado. “Estamos finalizando a análise dos dados desta safra para aprimorar as estratégias de manejo de doenças e pragas, além de identificar as variedades mais adequadas para a região. Isso será crucial para ajudar os produtores na tomada de decisões para a próxima safra”, enfatizou Pittelkow.
Com o término do vazio sanitário da soja previsto para 7 de setembro e a chegada das chuvas, os produtores já começam a planejar o próximo ciclo agrícola. “O planejamento antecipado é fundamental, e contar com informações precisas será decisivo para que os produtores superem os desafios e alcancem melhores resultados”, concluiu o diretor.
Mato Grosso, maior produtor de algodão do Brasil, segue enfrentando incertezas, mas também busca soluções para manter sua liderança na produção nacional.