Rebanho de gado de corte diminui em MS, mas produção de carne aumenta

Fonte: Assessoria

O recorde de abate em Mato Grosso destaca a importância do estado no cenário nacional da pecuária  - Foto por: Assessoria/Sedec
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Durante o 6º Seminário Técnico de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), em 8 de agosto de 2024, o engenheiro agrônomo Dirceu Luiz Broch, presidente da MS Integração e pesquisador, informou que, de 2010 a Em 2024, houve redução de área de pastagens em 21% (de cerca de 22 milhas/ha para 17 milhas/ha), enquanto houve aumento em áreas remanescentes, de grãos, de florestas plantadas e de cana-de-açúcar. “O motivo da pecuária ter perdido espaço para outras atividades? Cabe uma reflexão. Quem é o culpado? Isso é questão de mercado”, analisou.

Na palestra sobre o “Panorama da Integração Lavoura-Pecuária em MS”, Broch com dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), informou que o estado possui, em 2024, aproximadamente 3 milhões de hectares ILP . “O Sistema ILP evoluiu muito até os dias atuais nesses 30 anos: novas variedades de soja, espécies forrageiras, mix de forrageiras, manejo do gado, genética do gado, regulamentação em sistema ILP, etc. Praticamente o sistema ILP nasceu no Centro-Oeste aqui em MS, no município de Maracaju, na propriedade de Ake B. van der Vinne e Krijn Welemaker que desejavam aumentar a palha no Sistema Plantio Direto e rotacionar culturas com a soja”, contorno.

Mesmo com a diminuição de rebanhos em Mato Grosso do Sul, houve aumento na produção de carne, “o que é reflexo do ILP”, garante Broch. No período de 22 anos, o rebanho do estado diminuiu em 17% e a produção cresceu em 9%. É uma atividade que está em todo o território de MS, mas enfrenta o problema da qualidade da pastagem: de 30% a 40% das pastagens estão em algum grau de manipulação, o que faz perder a rentabilidade e a sustentabilidade na produção.

Segundo o engenheiro agrônomo, se o produtor rural não começar a integrar de forma mais profissional vai continuar perdendo área para soja, cana-de-açúcar, eucalipto e outras atividades que são demandadas pelo mercado.

Entre as vantagens do sistema de integração estão a estabilidade e a segurança. Em momentos de seca e instabilidade, por exemplo, o produtor de ILP encontra-se numa situação financeira melhor do que em áreas de sistema convencional. “A ILP é um sistema conservacionista: aumenta palha, aumenta a rotação de culturas, aumenta crédito de carbono, reduz a evapotranspiração do solo, entre outros pontos positivos”, pontual.

Novos produtores foram introduzidos, mais pecuaristas do que agricultores. Apesar disso, a adesão de pecuaristas e agricultores ao ILP “ainda deixa a desejar perto dos benefícios do sistema”, garante o palestrante.

Entre os desafios para a inserção do produtor rural no ILP são a necessidade de vocação, o gosto pela atividade, tanto por parte do pecuarista quanto do agricultor; de experiência na atividade; o medo do desconhecido; o custo para o pecuarista (a exemplo de máquinas e correção de solo), o custo para o agricultor (como a montagem de cerca, compra de gado); e o ILP versus o arrendatário: como construir infraestrutura em área arrendada, como manejar o gado, manejar corretamente a altura do pasto para não comprometer a produtividade da soja.

Mas, apesar dos desafios, a Integração Lavoura-Pecuária possui mais vantagens do que concretas. A integração produz palha em quantidade suficiente para aumentar a produção da cultura da soja e viabilizar o cultivo da oleaginosa em solos arenosos. “Milho safrinha não gosta de areia, não é lucrativo. Depois da soja, a pecuária é a única atividade rentável que ajuda a pagar a conta, é o casamento perfeito [da pastagem] junto com a soja, principalmente em solos arenosos”, afirmou Broch.

Na safra de 2023/24, ano muito seco, a média de produtividade da soja em Mato Grosso do Sul foi de 48,84 sc/ha. Broch relatou que, na Fazenda Cabeceira, em Maracaju, MS, a produtividade média da soja foi de 70 sc/ha, com alguns talhões chegando a 87 sc/ha, devido aos benefícios da ILP. Em relação à pecuária, o rendimento de carcaça foi de 53%, com sistema de criação/recriação/engorda (não compram animais), a venda de animais (raças Brangus e Braford) foi realizada com média de 17 meses e média de 18@ /cabeça.

Com relação à adubação, ele recomendou a aplicação de fósforo e potássio na pastagem “e não se aduba a soja”, adubando com sulfato e amônio em setembro e uréia protegida em janeiro. Um pasto se degrada cerca de 30% se não for adubado de um ano para o outro. “O pasto tem que estar rodando, recuperando ou entrando com nitrogênio para não deixar cair”, alerta.

A rentabilidade em reais (R$) do Sistema ILP na Fazenda Cabeceira em 2024 foi de R$ 2.520,00 para a soja, R$ 453,75 para o milho safrinha e R$ 297,00 para a pecuária no verão. “Mesmo com sistema tecnificado, a pecuária teve menor rentabilidade que a soja e o milho, mas foi uma integração que possibilitou a maior rentabilidade das duas culturas, porque aumentou a palhada e fez a melhoria do solo”, garantiu Dirceu Broch.

6º Seminário Técnico de ILP – O Seminário é realizado anualmente. Em 2024, aconteceu na Embrapa Agropecuária Oeste e contou com mais de 100 participantes entre produtores rurais, técnicos e pesquisadores. Se quiser assistir a todo o evento que conto com cinco palestrantes na programação, acesse pelo Canal da Embrapa no YouTube: https://bit.ly/4cGMryA . O evento é uma realização da  Embrapa Agropecuária Oeste ,  SustentAgro  e  Rede ILPF . Conta com o patrocínio da  Ciarama Máquinas – John Deere ,  Sicredi  e  Pantanal Peças Implementos Agrícolas  e tem o apoio da  Cocamar Cooperativa .

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.