Projeto Guardiões das Fontes preserva minas naturais de água.
Na fronteira com a Argentina, no município de Pérola D´Oeste, na comunidade de Esquina Gaúcha, vive a família De Cézaro.
O senhor Élio e a dona Lurdes, cultivam um modo de vida tipicamente da agricultura familiar, com produção diversificada, mão de obra da família e muitas expressões culturais, a exemplo do fogão a lenha na varanda, local em que preparam aquelas receitas tradicionais e se esquentam nos dias mais frios, enquanto tomam chimarrão e contam causos.
E, água que chega nas torneiras da casa desta e outras famílias e no galpão para o consumo dos animais, brota em meio as rochas, numa encosta, localizada há uns 300 metros da residência e é arrodeada por mata nativa.
A mina natural foi a primeira a ser protegida no sistema solo-cimento, através do Projeto Guardiões das Fontes, desenvolvido pelo Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – Sintraf de Pérola D´Oeste, em parceria com a Prefeitura Municipal – através da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente – e apoio da Pastoral da Ecologia Integral, ligada à igreja católica. Iniciativa importante para garantir a reprodução da biodiversidade e a subsistência de famílias que dependem da terra para viver. Na agricultura, a garantia de boa colheita está intrinsecamente relacionada à condição do clima.
Quando ocorrem intempéries, como granizo, estiagem, geada ou enchente, os prejuízos são certos. Neste caso, a colheita farta, cede lugar às angústias da falta de renda para cumprir com as obrigações financeiras. Foi assim por duas safras nos últimos quatro anos, quando estiagens prolongadas atingiram a região Sul do Brasil e, por consequência, agricultores do Sudoeste do Paraná também foram prejudicados. A fonte da família De Cézaro foi protegida no dia 13 de setembro de 2022 e contou com a presença de estudantes da escola do campo, da comunidade de Esquina Gaúcha. O Senhor Élio conta que nesses dois anos após a proteção, nunca faltou água e a vazão estimada é superior a 20 mil litros de água por dia. Além da abundância “a qualidade mudou 100%, sempre limpa”, conta De Cézaro.
O agricultor familiar também recomenda que todos zelem pela preservação da natureza e alerta que quem enterra as nascentes ou destrói as matas, corre o risco de ficar sem água de minas naturais e na dependência “de água de rua ou de poço artesiano, mas ai tem custo, essa aqui não custa nada, vai por conta”, finaliza Hélio. Paulo Czekalski, coordenador do projeto Guardiões das Fontes, conta que em 2021, o Sintraf, em conjunto com a Pastoral da Ecologia, realizou o trabalho de proteção de uma fonte e a partir daí, o debate teve continuidade, seguido da elaboração do projeto, articulação com o Executivo Municipal e aprovação do convênio na Câmara de Vereadores. A fase inicial foi de levantamento de demandas e diagnóstico das propriedades, tendo grande procura e somando mais de 60 inscrições. “O projeto despertou a procura e a consciência das pessoas”, comenta Czekaslki.
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