Os preços futuros do complexo soja caíram acentuadamente na última semana, voltando aos níveis observados em 2020. A soja em grão passou a ser negociada abaixo de US$ 10,00 por bushel, uma queda significativa que impactou diretamente a paridade de exportação no Brasil e os valores praticados no mercado spot. Segundo pesquisadores do Cepea, as cotações foram pressionadas principalmente por expectativas de que a oferta global da oleaginosa possa superar a demanda.
O relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 12 de agosto reforçou essa perspectiva. De acordo com o documento, a produção mundial de soja deve crescer de 395,12 milhões de toneladas na safra 2023/24 para 428,72 milhões de toneladas em 2024/25, ambos volumes recordes. Embora o consumo global e as transações internacionais também devam aumentar, o relatório aponta que os estoques de passagem podem alcançar patamares históricos, estimados em 134,3 milhões de toneladas para 2024/25, um aumento de 19,5% em relação às 112,36 milhões de toneladas previstas para a safra anterior.
Esse cenário de ampliação dos estoques, combinado com a alta produção, contribui para a pressão negativa sobre os preços, influenciando todo o mercado do complexo soja. No Brasil, o reflexo foi imediato, com redução nos valores praticados tanto no mercado interno quanto nas negociações de exportação.
A queda nos preços preocupa produtores e exportadores, que enfrentam um cenário de margens mais apertadas em meio a custos de produção elevados. A continuidade dessa tendência dependerá de fatores como o comportamento climático nas principais regiões produtoras, a demanda da China e as políticas de exportação dos países concorrentes.
Com as cotações em baixa, o mercado segue atento às próximas divulgações do USDA e ao desenvolvimento das safras nas principais regiões produtoras do mundo, na expectativa de sinais que possam reverter essa tendência ou, ao menos, amenizar os impactos negativos sobre a rentabilidade dos produtores.