O mercado de ovos registrou um respiro em agosto, com recuperação nos preços após três meses seguidos de desvalorização. Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que a retomada está ligada, sobretudo, ao movimento de início do mês, quando a demanda ganha força com o recebimento dos salários e garante maior escoamento do produto.
Em Bastos (SP), principal polo produtor do Brasil, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos tipo extra foi comercializada a R$ 151,81 em agosto, avanço de 1,7% frente a julho. Já na Grande São Paulo, o produto posto (CIF) chegou a R$ 158,96 por caixa, alta de 2,1% no mesmo comparativo.
Embora a segunda quinzena tenha sido marcada por vendas mais fracas e descontos concedidos pelos produtores e atacadistas, o impulso inicial foi suficiente para sustentar as médias mensais. Pesquisadores do Cepea explicam que a tendência reforça a forte dependência do setor em relação ao consumo doméstico, que responde por praticamente toda a absorção da produção nacional de ovos.
Outro ponto de atenção é a pressão dos custos de produção, que continuam elevados. O milho e o farelo de soja, principais insumos da alimentação das aves, ainda representam grande parte das despesas dos produtores. Mesmo em cenário de maior oferta de grãos, a volatilidade das cotações mantém a margem dos avicultores apertada, o que faz com que reajustes nos preços finais sejam necessários para equilibrar a atividade.
O resultado de agosto indica um alívio momentâneo, mas especialistas avaliam que o comportamento do mercado nos próximos meses dependerá tanto da demanda interna quanto da capacidade de ajuste da produção. Para o setor, a retomada da alta é positiva, mas ainda insuficiente para consolidar uma trajetória de recuperação diante das perdas registradas ao longo do ano.
