Preço da mandioca sobe 10,6% em julho: oferta limitada impulsiona valorização pelo segundo mês consecutivo

Tonelada posta fecularia atinge R$ 478,92 nas regiões monitoradas pelo Cepea; produtores priorizam plantio e adiam colheita de raízes mais novas devido à baixa rentabilidade

Fonte: CenárioMT

mandioca

O preço da mandioca apresentou uma expressiva alta de 10,6% em julho, consolidando um movimento de valorização pelo segundo mês consecutivo. De acordo com o levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a tonelada de mandioca posta fecularia atingiu a marca de R$ 478,92 nas principais regiões produtoras acompanhadas. Este aumento é impulsionado por uma oferta que continua abaixo das expectativas, refletindo diretamente nas dinâmicas de mercado para este tubérculo essencial na cadeia produtiva brasileira.

Os pesquisadores do Cepea apontam que a oferta limitada de mandioca tem sido um dos principais fatores que sustentam a alta nos preços. Boa parte dos produtores está priorizando o plantio ao invés da colheita, uma estratégia que visa garantir um aumento na produtividade futura em detrimento da disponibilidade imediata de mandioca para o mercado. Esta decisão é influenciada pelas condições climáticas favoráveis ao plantio, além da expectativa de uma rentabilidade mais vantajosa no médio prazo.

Ainda de acordo com o Cepea, muitos produtores têm optado por postergar a comercialização das raízes mais novas. Esta hesitação está relacionada à baixa rentabilidade atual, já que as raízes mais jovens costumam oferecer um rendimento inferior em comparação às mais maduras, afetando diretamente o lucro dos agricultores. Portanto, aguardar um melhor momento para a venda se mostra como uma decisão estratégica para muitos.

Impacto das chuvas na colheita

Outro fator que contribuiu para a valorização da mandioca foi a ocorrência de chuvas localizadas em algumas regiões produtoras, especialmente no início de julho. Estas precipitações inesperadas limitaram o avanço da colheita, reduzindo ainda mais a oferta disponível no mercado e, consequentemente, contribuindo para a elevação dos preços.

A combinação de chuvas e a escolha deliberada dos agricultores em retardar a colheita das raízes mais novas cria um cenário de escassez, que acaba por pressionar os preços da mandioca. Essa situação é particularmente evidente nas regiões acompanhadas pelo Cepea, onde a demanda por mandioca destinada à produção de fécula e farinha permanece alta, mas a oferta tem sido insuficiente para atendê-la plenamente.

Perspectivas para o mercado de mandioca

A valorização contínua da mandioca nos últimos meses sinaliza uma tendência que poderá se manter, caso as condições de oferta não melhorem. Especialistas do Cepea destacam que, para os próximos meses, a dinâmica de preços dependerá de diversos fatores, incluindo as condições climáticas, a evolução do plantio e a disposição dos produtores em liberar suas colheitas para o mercado.

Além disso, a demanda interna, especialmente das fecularias e farinheiras, continuará a exercer uma pressão significativa sobre os preços, particularmente se a oferta não conseguir acompanhar o ritmo de consumo. A situação torna-se ainda mais complexa em um contexto onde o consumidor final também enfrenta pressões econômicas, potencialmente afetando a demanda em longo prazo.

Diante desse cenário, os produtores de mandioca deverão estar atentos às condições de mercado e climáticas, ajustando suas estratégias de plantio e colheita para maximizar a rentabilidade e atender à demanda existente. Enquanto a valorização atual dos preços oferece oportunidades, ela também impõe desafios na gestão de riscos associados à produção e comercialização.

O acompanhamento constante das análises fornecidas pelo Cepea e outras instituições de pesquisa será crucial para que os produtores possam tomar decisões informadas e estratégicas, garantindo a sustentabilidade e competitividade do setor de mandioca no Brasil.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.