A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, em parceria com fiscais agropecuários, desarticulou na última semana um esquema sofisticado de falsificação e comercialização de sementes pirateadas de milho e soja que pode ter alcançado Mato Grosso e outros Estados brasileiros. A Operação Piratas do Agro, conduzida pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Luiz Gonzaga (RS), cumpriu 41 mandados de busca e apreensão em quatro estados, além de 33 mandados relacionados a veículos e 18 bloqueios de contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas.
Segundo as investigações, as sementes falsificadas eram produzidas a partir de grãos de baixa qualidade ou destinados à produção de ração, mas eram acondicionadas em sacas que imitavam de forma quase perfeita as originais de marcas renomadas. O esquema tinha ramificações em estados como São Paulo, Bahia, Mato Grosso e Minas Gerais, envolvendo representantes comerciais que intermediavam a venda das sementes a cooperativas e agricultores.
De acordo com o delegado Heleno dos Santos, titular da Draco, há indícios de que sementes adulteradas tenham sido comercializadas em Mato Grosso, um dos maiores polos agrícolas do Brasil. As cargas fraudulentas eram transportadas de caminhão e distribuídas a produtores rurais em diversos estados, incluindo Mato Grosso. A operação também revelou que o grupo criminoso movimentou R$ 13 milhões em 15 meses, causando prejuízos significativos aos agricultores lesados, como a perda total de safras.
Segundo a Polícia Civil gaúcha, duas pessoas foram presas — uma em São Luiz Gonzaga (RS) e outra em Luís Eduardo Magalhães (BA). Também foram apreendidos 35 veículos e documentos que reforçam a complexidade do esquema, que se beneficiava da falsificação de embalagens em gráficas localizadas em São Paulo e na Bahia.
O prejuízo direto estimado para os agricultores já ultrapassa R$ 2 milhões em uma única negociação ilícita, com lucros que chegavam a R$ 1.000 por saca falsificada. O delegado alertou que as investigações continuam para identificar outras vítimas e possíveis envolvidos no esquema em Mato Grosso e em outros Estados.
Agricultores e cooperativas de Mato Grosso estão sendo orientados a redobrar os cuidados ao adquirir sementes, verificando sempre a procedência e autenticidade do produto, para evitar prejuízos e contribuir com as investigações em andamento.