Um experimento pela Fundação Rio Verde feito ao final do ciclo do milho foi matéria de capa da Revista Cultivar, que tem circulação nacional, especialmente nas principais regiões produtoras do país. Com o título ‘Uma nova praga?’, o artigo escrito pela pesquisadora Jéssica Gorri traz detalhes do levantamento feito entre 31 de maio a 12 de junho. O levantamento foi feito na área experimental da Fundação Rio Verde de Pesquisas, em Lucas do Rio Verde MT.
O objetivo do levantamento foi compreender o cenário de final de ciclo da cultura do milho. Foram feitas quatro coletas de espigas secas em lavouras no estágio 6, onde foram encontradas espécies de lagartas que poderiam estar atuando na região.
Foram encontradas 420 lagartas no conjunto de espigas avaliadas identificadas pelo seu fenótipo. “A espécie Spodoptera frugiperda, como esperado, foi a praga de maior ocorrência. Também foram encontradas lagartas do gênero Helicoverpa. Entretanto em menor quantidade. Outra lagarta presente, até então não popularmente conhecida, pertence ao gênero Elaphria”, escreveu a pesquisadora.
Segundo Jéssica, o gênero Elaphria foi relatado pela primeira vez em Mato Grosso em 2014, quando foram coletadas lagartas em Nova Mutum, Campo Verde e Tangará da Serra. Essas espécies são encontradas nas Américas, com registros feitos nos Estados Unidos, em cidades do Rio Grande do Sul, São Paulo e no norte da Argentina. Na região central do Brasil, em áreas de cerrado, a espécie E.agrotina foi relatada principalmente em áreas de cultivo, e, em baixas densidades, na vegetação nativa. Seis culturas foram relatadas como hospedeiras dessa espécie: soja, feijão, quiabo, algodão, cana-de-açúcar e abacaxi.
O estudo mostra que a lagarta se alimenta de várias famílias de plantas, apresentando risco de impacto econômico a culturas como a do milho, na qual vêm sendo relatadas com maior frequência. “Os prejuízos econômicos dessa espécie mais observados nessa cultura são ocasionados pelas lagartas alimentando-se na base da espiga e também em espigas caídas, podendo haver relação com o motivo da queda. Sua presença no campo é evidenciada na fase final, quando é nítido que as lagartas se alimentam de palha e grãos secos. Entretanto, faltam estudos sobre seu ciclo de vida no início do estágio reprodutivo do milho, bem como possíveis hospedeiros na entre safra”, descreve o artigo.
Faltam estudos específicos para conhecer os danos reais que as pragas representam, assim como sua pressão populacional e o qual o manejo inseticida adequado, porém a presença está associada a surtos que variam de região para região, condições climáticas e manejo posicionado na área.
“Dessa forma, fica evidente a importância de monitoramento em todas as fases da cultura, pois, de acordo com a nossa coleta inicial, o número de lagarta Elaphria spp. é próximo ao de Spodoptera frugiperda. É importante mencionar que os relatos e dados coletados como demonstrados neste texto são indicativos da relevância de conhecer o dinamismo de pragas que acontecem na lavoura. A partir dessas informações devemos continuar os monitoramentos, sempre consultar profissionais qualificados para melhor orientação e seguir as diretrizes do manejo integrado de pragas”, orienta.
Principal produtor de grãos do país, com produção superior à da Argentina, Mato Grosso precisa ficar atento ao surgimento de pragas nas lavouras, buscando minimizar fatores que possam influenciar na perda de produção. As lagartas sempre estiveram presentes nas lavouras brasileiras em todas as fases da cultura, seja na fase vegetativa ou na reprodutiva, sendo de difícil controle e ocasionam danos que reduzem drasticamente a qualidade dos grãos, sendo responsáveis pela maior parte dos gastos fitossanitários.
Os produtores de milho priorizam o controle de pragas escolhendo métodos que potencializam as tecnologias disponíveis nos híbridos de milho para terem lavouras saudáveis. A pesquisadora ressalta a importância de conhecer as pragas que atuam na lavoura e quais ocorrem para posicionar essas ferramentas de maneira assertiva. Na fase final da cultura, é fundamental manter os cuidados para evitar danos às espigas, que podem aumentar a presença de grãos avariados e ser porta de entrada para patógenos.
Fonte: Verbo Press | Assessoria Fundação Rio Verde