Pesquisa auxilia na irrigação para pequenos produtores de Mato Grosso

Fonte: CenárioMT com Assessoria

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Para auxiliar os agricultores familiares sobre a relação da água nos seus sistemas de cultivo e contribuir para avanços científicos na área, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Câmpus de Sinop, realiza  o projeto “Estudo da dinâmica da água em um Sistema Agroflotestal no ecótono Cerrado-Amazônia – Fase de implantação”. A iniciativa, conduzida por pesquisadores da Instituição, já apresenta resultados, e conta com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemat), e  parceria com o Projeto de Extensão “Gaia”, da UFMT.

A coordenadora do projeto, e docente da UFMT na área de engenharia agrícola, Ciências / Irrigação e Drenagem, Janaina Paulino, explica que o projeto nasceu a partir de demandas vindas de agricultores familiares sobre como irrigar e quanto irrigar um Sistema Agroflorestal (SAF) nos instigou a estudar.

“O SAF além de conter culturas com diferentes exigências hídricas, muda sua composição de plantas ao longo do tempo.  O regime hídrico da região fica em torno de 2000mm anuais concentrados em praticamente metade do ano, e que a irrigação nesses casos é vista como uma tecnologia favorável para garantir a produção ao longo do ano, porém nem todos têm acesso a ela”, ressaltou.

A pesquisadora conta ainda que dentro desse espectro e com intuito de responder essas questões, o projeto Gaia,  em seu  cronograma de implantação de SAF’s, instalou uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) e Sistema Agroflorestal Agroecológico no Câmpus. “Ele está sob coordenado pela professora Rafaella Felipe, e nessa área aprovamos, via Edital 005/2022 da Fapemat para o estudo da dinâmica da água em SAF na região que estamos inseridos (transição cerrado-amazônia)”, destacou.

Parceria ampliada e novas possibilidades

Para dar conta da amplitude dos desafios, pesquisadoras da UFMT estabelecem  parceria com pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril, e como fruto sugerem a ideia de estudar o SAF com a utilização da irrigação e sem irrigação. “Falamos de um modelo que dando certo o agricultor pode optar por uma das possibilidades ou as duas, ou seja, no SAF que ele pode investir no sistema de irrigação ele mantém as culturas mais exigentes em água e no restante da propriedade em pode conduzir sem, otimizando assim o uso da área de acordo com sua realidade”, explicou Janaina Paulino.

A docente complementa que no estudo incluiu mais uma técnica que pode vir a influenciar nesse processo, a forma de adubação. “Em combinação com a irrigação, testaremos também a adubação orgânica padrão que consiste na utilização de esterco curtido e a adubação denominada Gaia que consiste na utilização de Bokashi, termofosfato e biofertilizante””, ressaltou complementando que ao término será possível entender se as adubações influenciam nesse dinâmica de água no sistema e nas respostas produtivas do SAF.

Quanto às culturas utilizadas na pesquisa, Janaina Paulino explica que é conduzida com aquelas “carro chefe”, sendo a  Banana BRS Terra-Anã e Lima ácida Tahiti, sendo composto também com Baru, Andiroba e Pequi. “A cultivar BRS Terra-Anã foi selecionada por apresentar grande potencial para sua inserção no sistema de produção de bananeiras tipo Terra no estado de Mato Grosso”, disse, informando fontes da  Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).

Sobre a cultivar de Limão ‘Taiti’, a pesquisadora salienta que foi selecionada por ser uma planta de origem tropical, sendo que os biomas Cerrado e Amazônia apresentam condições edafoclimáticas favoráveis para essa cultivar, além da sua importância econômica para a agricultura familiar.

Métodos, campo e academia

Quanto à irrigação utilizada no SAF, a docente descreve que consiste de duas linhas de tubo gotejadoras por linha de plantas, sendo manejada de acordo com a disponibilidade da água no solo, monitorados por sensores instalados até 90 cm de profundidade. “Cada tratamento está sendo monitorado também os elementos meteorológicos temperatura e umidade do ar através de estações meteorológicas instaladas no local”, destacou citando ainda que juntamente com o estudo da água no sistema, está sendo feito o acompanhamento de características químicas, físicas e biológicas do solo, além do desenvolvimento das plantas e futuramente produção.

Sobre os resultados a docente afirma que vêm com o propósito de dar mais autonomia ao agricultor. “Para que de acordo com a necessidade dele, ele venha a tomar as decisões que mais se adequem a sua realidade. Entender o sistema pode trazer valiosas informações para as tomadas de decisões para melhor gestão familiar”, ressaltou, dizendo que existe uma troca de conhecimento entre academia e campo.

“Participar da rotina familiar do agricultor traz clareza quando as dificuldades encontradas no dia a dia do campo, não somente de produção. Às vezes o melhor projeto do papel não é o melhor caminho para aquela família. Entender a realidade do campo, neste caso da agricultura familiar, faz com que a pesquisa de qualidade seja gerada. A pesquisa de qualidade ao que nos referimos é aquela possibilita diversas possibilidades para tomadas de decisão de cada unidade familiar”, destacou.

O projeto, via Fapemat,  deve finalizar em janeiro do próximo ano, e a equipe inicia o ano trabalhando os resultados de maneira a retorná-los para a sociedade o mais breve possível. A docente frisou que a URT em SAFA permanece em estudo, sendo conduzida pelo projeto Gaia.

“Culturas serão inseridas nas entrelinhas aproveitando o período chuvoso e seguindo a rotina do agricultor. O monitoramento da umidade do solo e elementos meteorológicos, avaliações químicas, físicas e biológicas, além do monitoramento das plantas permanecerão, visando acompanhamento por longo prazo”, destacou,  finalizando que a URT em SAFA também é um laboratório multidisciplinar utilizado para pesquisa e extensão. Visitas estarão em aberto para sociedade ao longo do ano.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.