Relatório divulgado neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e analisado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, reforça o cenário de ampla disponibilidade global de trigo na temporada 2025/26, o que continua limitando uma recuperação mais consistente das cotações internacionais do cereal. Mesmo diante das tensões geopolíticas persistentes na região do Mar Negro, os fundamentos de oferta e demanda seguem predominando na formação dos preços.
Segundo os pesquisadores do Cepea, o reajuste positivo na produção mundial, aliado a um crescimento mais moderado do consumo, resultou na elevação dos estoques globais de trigo. Esse movimento amplia a sensação de conforto do mercado quanto ao abastecimento e reduz a pressão compradora, mantendo os preços externos sob influência baixista ou, ao menos, impedindo avanços mais expressivos.
As estimativas do USDA apontam que a produção global de trigo na temporada 2025/26 deve alcançar 837,8 milhões de toneladas. O volume representa um aumento de 1,1% em relação à projeção divulgada em novembro e é 4,6% superior ao registrado na safra 2024/25. O crescimento reflete ganhos produtivos em importantes países produtores, o que contribui para reforçar o cenário de oferta abundante no mercado internacional.
Pelo lado da demanda, o consumo mundial é estimado em 822,97 milhões de toneladas, avanço de 0,5% frente às projeções de novembro e alta de 1,5% na comparação anual. Apesar do crescimento, o ritmo é considerado insuficiente para absorver totalmente o incremento da produção, o que resulta no aumento dos estoques finais e mantém o mercado abastecido.
Para o Cepea, enquanto não houver mudanças significativas no equilíbrio entre oferta e demanda, o mercado internacional de trigo tende a seguir pressionado, com limitações para uma recuperação mais firme dos preços, mesmo em um ambiente marcado por incertezas geopolíticas e volatilidade nos mercados globais.

















