As obras da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) devem chegar ao estado de Mato Grosso em 2025, afirma o gerente-geral de Implantação da FICO, Luciano Almada, durante apresentação do andamento das obras para produtores de MT. A apresentação ocorreu nesta quinta-feira (15.08), durante visita técnica feita pelos produtores.
A visita foi organizada pela Comissão de Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Durante a programação, produtores visitaram o escritório da FICO, em Goiás, e também conheceram as infraestruturas necessárias para a implantação dos trilhos, que vai atender parte da Região Leste de MT.
A ferrovia terá cerca de 360 km, a um custo de cerca de R$ 27 milhões por km, segundo Almada, dividida em 11 frentes de trabalho. Dessas, 6 são localizadas em Goiás e estão todas em andamento, incluindo a ponte sobre o Rio Araguaia. A obra de arte terá cerca de 1,7 km e é a maior do percurso, que terá um total de 20 pontes.
“Esse ano é um ano de preparação, a gente está em fase de contratação das empresas. A Vale faz obras com parceiros, empresas que são especializadas em construção e estamos em fase de contratação para no ano que vem, de fato, a gente iniciar. A intenção é que ano que vem, além da ponte, tenhamos obras em terra rodando também em MT até chegar em Água Boa”, destaca.
Almada lembrou também que, com a chegada das obras em MT, o número de trabalhadores passará de 6 mil para 8 mil pessoas. Atualmente, a empresa foca seus esforços para construção da base da ferrovia (infraestrutura), para que uma máquina faça a instalação da superestrutura (dormentes, trilhos, etc).
A máquina deve chegar em outubro e tem capacidade de instalar até 2 km de trilhos por dia. Por isso, a empresa se concentra em fazer o máximo da infraestrutura para garantir rapidez na execução. A previsão mais moderada é de 500 metros por dia. “Eu tenho que correr muito com a infra, para ter um espaço grande, pois quando ela começa, tem uma produção altíssima”.
O diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, lembra que a FICO deve ser concluída em 2028 e atenderá a produção dos municípios de Água Boa, Nova Xavantina, Campinápolis, Novo São Joaquim, Canarana, Gaúcha do Norte e Querência. Agricultores desses municípios produzem mais de 4 milhões de toneladas de soja por ano.
Grande parte dessa produção é transportada por caminhões até Rondonópolis, onde é embarcada nos trens e vão para exportação. Com a conclusão da FICO, essa produção pode ser levada por meio ferroviário para o Porto de Itaqui, no Maranhão, ou para o Porto de Santos, pela Ferrovia Norte-Sul, que passa por Mara Rosa (GO).
O diretor-executivo também pontua a necessidade de a Ferrovia Integração Oeste-Leste (FIOL) chegar até Mara Rosa. Assim, as produções mato-grossense e goiana poderiam ser destinadas para o Porto de Ilhéus, na Bahia, sendo mais uma opção viável para a exportação. Além disso, a Ferrogrão seria outra malha ferroviária que melhoria o escoamento, destaca Edeon.
Porém, Edeon lembra que as ferrovias que estão em obras e que devem ser concluídas mais cedo são a Ferronorte (ferrovia que ligará os trilhos que chegam em Rondonópolis até Lucas do Rio Verde) e a Fico. Elas devem ser concluídas até 2031 (Ferronorte) e 2028 (FICO). Segundo Edeon, o transporte sobre trilhos pode reduzir o custo do frete em cerca de 25%.
“O fato de ter essas opções ferroviárias e, se nós conseguirmos que empresas diferentes venham a operar esses trechos, isso vai provocar uma concorrência intramodal. Ou seja, uma concorrência de ferrovia com ferrovia. Isso vai provocar uma redução do custo do frete e reduzindo o custo do frete, aumenta a rentabilidade do produtor”, destaca Edeon.
Já o produtor rural Zênio Souza, que é de Água Boa, município localizado na região do Vale do Araguaia, antes apelidado de “Vale dos Esquecidos”, lembra que a FICO é um sonho antigo da região. Zênio relata que, vendo a velocidade do andamento das obras, vislumbra o crescimento da região, tanto na agricultura, como na pecuária, que também é uma de suas atividades.
“É um sonho que está se concretizando, podemos nos preparar porque, com a ferrovia chegando, mais portas vão se abrir para o nosso negócio. Então, o Vale do Araguaia, será muito beneficiado pela finalização da obra e a expectativa é que o nosso custo de transporte melhore”, pontua Zênio, que também é conselheiro fiscal da Aprosoja-MT.