Nova cultivar de trigo apresenta alto potencial produtivo

Fonte: Assessoria

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Foto: Helton Azevedo

Lançada no início deste mês, uma nova cultivar de trigo se destacou nos testes de campo realizados nas últimas três safras. Desenvolvida em parceria entre a Embrapa e a Fundação Meridional , a nova BRS Coleiro apresentou adaptação às diversas condições de cultivo, boa qualidade industrial e ganhos na produtividade de grãos. “Esperamos fomentar o cultivo e a comercialização dessa cultivar para os diferentes sistemas de produção de inverno nas regiões recomendadas”, explica Manoel Carlos Bassoi , pesquisador da Embrapa Soja (PR), ao informar que o material é indicado para os estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina.

No Paraná, as produtividades médias da BRS Coleiro, nos experimentos, foram de 4.922 kg/ha, 5.624 kg/ha e 4.083 kg/ha, nas três regiões de indicação (1, 2 e 3, respectivamente). Por outro lado, a média de produtividade dos agricultores paranaenses, na safra 2023, foi de 2.560 kg/ha, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O nome da cultivar vem de uma ave brasileira, o coleiro ( Sporophila caerulescens ), muito apreciado por seu canto.

Lançamento

A Embrapa Soja, o Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná) e a Fundação Meridional promovem o Dia de Campo de Inverno, em 9 de agosto, na sede do IDR-Paraná, quando ocorrerá o lançamento do BRS Coleiro. Mais informações sobre a  cultivar podem ser obtidas no site da Embrapa.

Produtividade elevada também em São Paulo e Santa Catarina

Em Santa Catarina, a média de produtividade do BRS Coleiro foi de 6.959 kg/ha e 4.468 kg/ha, nas duas regiões de indicação, enquanto a média de produtividade a campo, na safra 2023, foi de 2.150 Kg , de acordo com a Conab. O desempenho dos experimentos da BRS Coleiro, em São Paulo (região 2), foi de 5.555 kg/ha, enquanto a média produtiva do estado foi de 3.050 kg, segundo a Conab. “Esses números reforçam o excelente potencial produtivo desse lançamento. A BRS Coleiro foi desenvolvida para favorecer os produtores que desejam produtividades elevadas a campo”, ressalta Bassoi.

A nova cultivar possui porte médio, ampla adaptabilidade e estabilidade de rendimento de grãos no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. O ciclo médio para espigamento (64 dias) e o ciclo precoce para maturação fisiológica (111 dias) são características que atraem os produtores, por fornecer melhor disponibilidade de janela de semeadura e planejamento para a safra de soja.

Bassoi explica que o BRS Coleiro apresenta grão extra duro e qualidade tecnológica da classe melhorador, com alta força de glúten e farinha de boa estabilidade. Isso indica que os grãos podem ser usados ​​na produção de massa, na fabricação de pão industrial, no tradicional “pão francês” e, também, em misturas com farinhas fracas. “Outro destaque desse lançamento é a sanidade da planta, que apresenta boa tolerância ao acamamento e ao crestamento, sendo resistente ao oídio e moderadamente resistente à giberela e às manchas foliares”, afirma Bassoi.

Em 2024, a Fundação Meridional completará 25 anos de parceria com a Embrapa Soja. “Não pretende comemorar de forma melhor do que lançar uma cultivar de trigo simplesmente excelente”, destaca Henrique Menarim, diretor-presidente da Fundação Meridional. “O seu elevado potencial produtivo, aliado à ótima qualidade industrial, revela o BRS Coleiro como um novo patamar no melhoramento genético. Temos grandes expectativas em relação ao crescimento de participação de mercado, nas próximas safras”, completa o executivo.

Ralf Udo Dengler, gerente-executivo da Fundação Meridional, ressalta aspectos da nova cultivar que impactam a rentabilidade e a sustentabilidade. “A BRS Coleiro traz em sua genética características importantes de adaptação e sanidade, que propiciam a otimização do uso de fertilizantes e fungicidas. Além disso, sua qualidade industrial superior também deverá ser um diferencial no momento da comercialização dos grãos”, prevê Dengler.

Saiba mais sobre o trigo

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Foto: Jorge Henrique Chagas

O trigo é um componente básico da alimentação humana. Sua farinha é bastante utilizada na confecção de pães, massas e biscoitos. A qualidade do grão produzido é que determina sua utilização pela indústria. “A classificação realizada tem como base o teor de glúten, que determina o volume e a consistência da massa, ou técnicas, a “elasticidade da farinha de trigo”, esclarece Bassoi.

Avanços genéticos

Ao longo das duas últimas décadas, o avanço na genética das cultivares de trigo trouxe melhorias, tanto na qualidade do grão quanto na facilidade para o manejo da cultura. As características das cultivares favorecem tanto a indústria moageira (pães, massas e biscoitos) quanto a indústria de proteína animal (carne, leite, ovos). “Hoje temos cultivares BRS de trigo tipo pão e tipo melhorador para atender às demandas do mercado da região Meridional do Brasil. Essas cultivares podem ser usadas na fabricação de pão em misturas de farinhas mais fracas”, diz o analista de transferência de tecnologia da Embrapa  Rogério Borges .

Segundo ele, a pesquisa tem aprimorado, ainda, tecnologias como rotação de culturas, manejo adequado do solo, controle integrado de flexibilidade, controle químico de doenças e zoneamento agroclimático, que dão suporte à produção de trigo, minimizando os riscos de perdas. “O trigo é uma cultura de grande importância para a sustentabilidade da produção de grãos. O fato de seu cultivo ocorrer nos meses de outono e inverno representa uma oportunidade para os agricultores melhorarem a qualidade do solo, aumentarem seus rendimentos e diluírem os custos fixos da propriedade”, afirma Borges.

Mercado

A área semeada com trigo no Brasil foi de 3,4 milhões de hectares, na safra 2023/2024, com uma produção de 8 milhões de toneladas, de acordo com levantamento da Conab. O Paraná (3,6 milhões de toneladas) e o Rio Grande do Sul (2,8 milhões de toneladas) responderam por 75% da produção nacional.

Com relação ao consumo doméstico de trigo, no Brasil, na safra 2023/2024, foram utilizados 12 milhões de toneladas, havendo necessidade de importar o cereal para suprir a demanda interna, segundo levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.