“O mercado voluntário de carbono sempre existiu e sempre existirá, é reputacional e não de obrigações. Está relacionado ao cumprimento de compliance pelas empresas, posições na bolsa, governança. Acredito que ele deveria ser incentivado, afinal, muitos projetos de crédito de carbono não estão no mercado regulado”, avaliou Carlos Sanquetta, diretor do Instituto de Pesquisas em Biomassa e Sequestro de Carbono (Biofix).
A avaliação foi feita durante o Workshop sobre mercado de carbono realizado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), nesta terça-feira (20.08), em Cuiabá.
O crédito de carbono são títulos atrelados à redução ou remoção de gases de efeito estufa da atmosfera quantificados em dióxido de carbono equivalente, que têm o papel de promover a mitigação dos impactos das mudanças globais.
Para os proprietários rurais, indicou Sanquetta, é interessante pensar no mercado de carbono porque há a geração de renda com as áreas sem uso, atendem a novas regulações e é possível ter aumento no valor dos produtos.
Os créditos de carbono podem ser oferecidos por meio do mercado regulado ou voluntário. No primeiro modelo, as empresas utilizam os créditos para atender obrigações impostas por legislações ou acordos. Já no modo voluntário, a aquisição dos créditos é para cumprir os compromissos de mitigação voluntários, ou seja, que não estão sujeitos a obrigações legais de redução de emissões.
“O mercado é oscilante, dependendo de algumas condicionantes como por exemplo as perspectivas do setor econômico. Contudo, o mercado voluntário sempre existiu. Tem seus momentos de baixa, como agora, mas as projeções indicam uma elevação de volumes comercializados e de preços”, comentou Sanquetta. “Acredito que chegará o momento em que o mercado voluntário será utilizado pelos agentes econômicos”, completou.
Economia verde
O vice-presidente da Aprosoja-MT e coordenador da Comissão de Sustentabilidade da instituição, Luiz Pedro Bier, explicou que o workshop foi mais uma oportunidade de viabilizar a economia verde que tem sido muito falada, mas pouco difundida.
“Toda a área, seja em agricultura, floresta plantada ou nativa, é capaz de gerar crédito de carbono. Então, temos um vasto campo dentro de Mato Grosso para que seja gerado esse crédito e se torne mais um motor econômico do estado”, reforçou.
A agricultura mato-grossense, inclusive, lembrou Bier, é uma referência. O produtor brasileiro, em especial o local é o que mais preserva o meio ambiente, as técnicas utilizadas aqui são exemplos para a agricultura mundial e a alternativa do crédito de carbono, disse o Coordenador, é um caminho para mudar a visão que a sociedade tem sobre o agricultor.
“Essa alternativa de crédito de carbono, de gerar receita com a preservação, é um caminho sim para mudar essa imagem de Mato Grosso, de mostrar que o nosso estado é líder em produção de soja, milho, algodão, e também é uma liderança na preservação ambiental”, finalizou.