O mercado de bovinos para abate mantém-se firme em grande parte do Brasil, com frigoríficos enfrentando desafios para completar suas escalas de abate. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as indústrias que operam predominantemente no mercado spot têm encontrado dificuldades para adquirir novos lotes de animais, especialmente nos valores menores do intervalo vigente.
No estado de São Paulo, um dos principais polos de abate do país, observa-se uma postura mais cautelosa das indústrias em relação a outras regiões. De acordo com pesquisadores do Cepea, as indústrias paulistas têm se retraído na tentativa de evitar novos aumentos nos preços da arroba bovina. Esse comportamento é favorecido por compras antecipadas, realizadas por meio de contratos ou no mercado spot na semana anterior, permitindo que os frigoríficos mantenham suas operações sem pressionar a demanda.
Essa estratégia de antecipação tem sido crucial para que as indústrias evitem pagar preços mais altos no curto prazo. Além disso, a abertura pontual de preços mais elevados para preenchimento de escalas tem sido uma tática utilizada para garantir a continuidade das operações, enquanto se espera um momento mais oportuno para aquisições maiores, o que ajuda a aliviar a pressão de demanda sobre o mercado.
Fatores climáticos e impactos no mercado
Outro aspecto relevante que tem influenciado o mercado de abate é a previsão de queda brusca de temperatura nos próximos dias. Pesquisadores do Cepea destacam que essa mudança climática pode motivar pecuaristas a venderem seus animais prontos mais rapidamente. A expectativa é de que o frio intenso leve à diminuição da oferta de pastagens, forçando os produtores a anteciparem suas vendas para evitar perdas relacionadas à nutrição dos rebanhos.
Essa situação oferece à indústria uma margem para evitar aumentos nos preços da arroba, já que a oferta de animais prontos pode se elevar temporariamente, reduzindo a pressão sobre os frigoríficos para subir os preços.
Perspectivas e desafios
O mercado de animais para abate enfrenta um momento de complexidade, com variáveis que influenciam tanto a oferta quanto a demanda. O equilíbrio entre o posicionamento estratégico das indústrias e as condições climáticas inesperadas se mostra como um desafio contínuo para todos os agentes envolvidos.
Enquanto as indústrias buscam maneiras de completar suas escalas sem impactar os preços, os pecuaristas precisam ajustar suas estratégias de venda frente às mudanças climáticas e de mercado. Esse equilíbrio delicado entre oferta e demanda continuará a ser monitorado de perto, com impactos diretos nas operações e na rentabilidade de todos os envolvidos na cadeia produtiva.