Pesquisa realizada pela Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados, mediu o nível de contaminação por agrotóxicos no Rio Dourados. O resultado apontou que, de 46 produtos químicos utilizados por agricultores da região e analisados no estudo, somente 32 foram detectados e em níveis de presença inferiores ao VMP (Valor Máximo Permitido) estabelecido na Resolução 357 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Os resultados do “Monitoramento dos resíduos de agrotóxicos em águas superficiais de MS. Parte 1 Rio Dourados”, foram apresentados pelo pesquisador Rômulo Penna Scorza Júnior, da Embrapa Agropecuária Oeste, em reunião do CEA-MS (Conselho Estadual de Agrotóxicos de Mato Grosso do Sul), realizada na segunda-feira (12). O conselho é presidido pelo secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
“Esse monitoramento é fundamental para o controle da qualidade da água em Mato Grosso do Sul e fomento às boas práticas na agricultura. As conclusões da pesquisa são importantes e apoiamos a Embrapa na continuidade desse trabalho. O Governo do Estado tem incentivado a adoção do MIP (Manejo Integrado de Pragas). Nossa ideia é termos o agro com menos agrotóxicos, disseminando novas alternativas para o combate às pragas. Nesse sentido, é fundamental levar ao conhecimento do Conselho informações pautadas em conhecimento técnico e científico”, comentou o secretário Jaime Verruck.
“A pesquisa demonstrou que não foram encontrados agrotóxicos nas águas do Rio Dourados em níveis acima do permitido. Muito pelo contrário, um único produto apresentou níveis mais elevados, mas ainda muito abaixo do que é estabelecido na Resolução do Conama”, avaliou o superintendente de Ciência e Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar da Semagro, Rogério Beretta.
O resultado reforça o trabalho da Semagro no fomento às boas práticas e à sustentabilidade na produção agrícola em Mato Grosso do Sul. “A incidência de resíduos de agrotóxicos nas águas dos rios demonstra uma contaminação ambiental que a gente tem que evitar e significa também uma perda para os produtores, já que aquele produto aplicado na lavoura está sendo carreado para os rios e isso pode estar ocorrendo devido ao uso em excesso, inadequado ou mesmo indevido do produto. Por isso a pesquisa é um ganho para o meio ambiente, para os produtores e para os fabricantes”, afirma Beretta.
Os membros do CEA-MS apoiaram a pesquisa e sugeriram que o acompanhamento seja ampliado para outros rios do Estado que estejam em regiões nas quais é verificado o uso intensivo da agricultura. Foi sugerido o envolvimento de mais instituições como a Semagro, o Iagro, Imasul, CREA-MS e Famasul. “Será importante um monitoramento na região de Bonito, Rio Brilhante, Rio Vacaria. A Embrapa tem essa previsão de expansão, para que a gente possa ter os resultados em outras áreas”, informou o superintendente da Semagro e membro do CEA-MS.
Pesquisa da Embrapa começou em 2017
De acordo com o pesquisador Rômulo Penna, os estudos foram iniciados pela Embrapa Agropecuária Oeste no ano de 2017 por meio de acordo de cooperação MPF, MPT, MP-MS e Prefeitura de Dourados. Após a definição e validação do método e dos compostos a serem monitorados, foram escolhidos três pontos no Rio Dourados para a retirada periódica de três amostras em cada um dos locais. A coleta ocorreu no período 10 de dezembro de 2019 a 11 de dezembro de 2020. Veja aqui os resultados da pesquisa, na íntegra.
Dos 46 compostos agrotóxicos monitorados pela pesquisa, 32 deles apresentaram incidência em ao menos uma das amostras coletadas e outros 14 não foram detectados. Entre os produtos encontrados, 15 são herbicidas, 8 são inseticidas, 3 são fungicidas e 6 são produtos de degradação.
A Atrazina, 3º agrotóxico mais vendido no Mato Grosso do Sul, foi o principal composto encontrado durante o monitoramento, em concentrações que variaram de 0,002 microgramas por litro a 0,13 microgramas por litro. De acordo com a Resolução 357 do Conama, o VMP (Valor Máximo Permitido) da atrazina é de 2 microgramas por litro.
O monitoramento no Rio Dourados continua em 2021. Com o apoio da Semagro, do Imasul e da Iagro, ele deverá ser ampliado para outros rios sul-mato-grossenses em regiões de predominância da agricultura como atividade econômica.
Também participaram da reunião do CEA-MS representantes do Senar, Famasul, Biosul, Colmeia Viva, Inpev, Idaron-RO, o chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira e a presidente do CREA-MS, Vânia Abreu de Mello.
Marcelo Armôa, Semagro