Se o estado do Mato Grosso fosse um país, ele estaria em 3º lugar no ranking mundial de produtores de soja, aponta um cruzamento de dados feito pela CNN.
Segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a produção de soja no estado, durante a safra 2023/2023, é estimada em 41,46 milhões de toneladas — desbancando, então, a Argentina, atual terceira colocada no ranking de produtores da commodity do Foreign Agricultural Service (FAS), do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
A safra do país sul-americano, no mesmo período de comparação, é estimada em 33 milhões de toneladas pela agência dos EUA.
Atualmente, os três maiores produtores globais de soja são Brasil, Estados Unidos e Argentina. Segundo previsões do FAS, a estimativa é que a soja brasileira alcance o patamar de 153 milhões de toneladas na safra atual — das quais 25% advêm do Mato Grosso.
O estado, ainda que esteja passando por um período de “estresse hídrico”, segundo o Imea, deve produzir 1,4% a mais de soja do que o registrado na safra anterior. Entre os motivos, estão o crescimento de áreas agriculturáveis e o emprego de tecnologia de ponta.
Ao mesmo tempo, a produção argentina tem declinado acentuadamente, ao ponto de que a estimativa de 33 milhões de toneladas de soja, cravada pelo FAS, pode estar sobrestimada. Pelos cálculos da Bolsa de Comercio de Rosario, divulgados no último dia 8 de março, o país deve produzir 27 milhões de toneladas no ciclo atual.
O dado coloca a safra de 2022/2023 como a pior desde a virada do século. O tombo brusco na produção argentina acontece devido à crise climática enfrentada pelos agricultores, na qual uma seca histórica “sem precedentes” tem arrasado a região dos Pampas, principal produtora de grãos no país.
“Estamos enfrentando um evento climático sem precedentes”, disse Julio Calzada, chefe de pesquisa econômica da Bolsa de Rosário à agência Reuters, acrescentando que os agricultores enfrentam perdas de US$ 14 bilhões e 50 milhões de toneladas a menos na produção de grãos de soja, milho e trigo.
“É inédito que as três safras fracassem. Estamos todos esperando que chova”, acrescentou. Se não chover, as bolsas argentinas de grãos já alertaram que as previsões de produção podem cair ainda mais.