A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) revelou que a “Média Brasil” para o preço do leite ao produtor alcançou R$ 2,8657 por litro em setembro, representando um aumento de 3,3% em relação ao mês anterior e de 33,8% frente ao mesmo período de 2023, em termos reais, com valores ajustados pelo IPCA de setembro. Contudo, o movimento de alta parece ter perdido força. Dados preliminares do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil deve apresentar recuo de cerca de 2%.
Os derivados lácteos, por outro lado, registraram ligeiras valorizações no mês de outubro. De acordo com pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o preço médio do leite UHT em São Paulo subiu 0,66% em relação a setembro, alcançando R$ 4,74 por litro. O queijo muçarela teve alta de 0,59%, sendo negociado a R$ 33,26 por quilo, enquanto o leite em pó (embalagem de 400g) registrou aumento mais expressivo de 4,32%, com média de R$ 31,49 por quilo.
Na comparação com outubro de 2023, os valores reais desses produtos apresentaram aumentos significativos: 18,15% para o leite UHT, 21,95% para a muçarela e 12,31% para o leite em pó.
O cenário externo apresentou grande discrepância entre exportações e importações de lácteos em outubro. As importações brasileiras cresceram 11,6% em relação ao mês anterior e 7,43% na comparação anual. Já as exportações registraram quedas expressivas de 65,91% no comparativo mensal e de 46,6% frente a outubro de 2023, ampliando o saldo negativo da balança comercial do setor.
Custos de produção em alta
Outro ponto de atenção é o aumento nos custos de produção. O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira, calculado na “Média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), subiu 2,03% em outubro, impulsionado principalmente pela elevação dos gastos com nutrição animal. Com isso, o COE, que havia se mantido estável durante boa parte do ano, passou a acumular alta de 1,97% no acumulado de 2024.
Esses fatores refletem a complexidade do mercado lácteo brasileiro, marcado por oscilações nos preços ao produtor, aumento nos custos e desafios no comércio exterior. O cenário para os próximos meses dependerá do comportamento da demanda doméstica, da competitividade dos derivados no mercado interno e das condições climáticas que possam impactar a produção.