A agricultura irrigada voltou ao centro das discussões sobre produtividade, segurança alimentar e desenvolvimento regional durante o 1º Workshop “Irrigação para o Desenvolvimento Sustentável”, realizado no Sindicato Rural de Campo Grande (MS). O encontro, promovido pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Mato Grosso do Sul, pela Associação dos Irrigantes (AIEMS) e pela Associação dos Produtores de Arroz e Irrigantes (Apai/MS), reuniu especialistas, produtores e representantes de entidades do setor para discutir caminhos que garantam maior eficiência ao uso da água no campo.
A assessora técnica da Comissão Nacional de Irrigação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Jordana Girardello, apresentou uma análise abrangente sobre os avanços conquistados e os desafios que ainda limitam a expansão da irrigação no país. Em sua fala, destacou que a reserva de água é um instrumento crucial para assegurar segurança hídrica, reduzir a vulnerabilidade diante das mudanças climáticas e ampliar a capacidade nacional de produção de alimentos. “Políticas públicas que assegurem disponibilidade hídrica para irrigação são decisivas para elevar a eficiência do setor e reduzir os impactos das mudanças climáticas”, afirmou.
Jordana também chamou atenção para a manutenção da tarifa diferenciada de energia elétrica aplicada à irrigação, mecanismo que, segundo ela, tem sido ameaçado nos últimos anos. A assessora ressaltou que a CNA tem trabalhado para preservar o benefício, garantindo que sua aplicação atenda aos horários e à realidade operacional dos produtores rurais. Outro ponto enfatizado foi a regulamentação da Lei Nacional de Irrigação, cuja efetiva implementação, segundo Jordana, pode assegurar segurança jurídica, atrair investimentos e fortalecer práticas sustentáveis.
A representante da CNA destacou ainda a importância do setor irrigante dentro do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Ela lembrou que a comissão tem atuado em defesa do fortalecimento dos Comitês de Bacias Hidrográficas, instâncias essenciais para decisões sobre uso e distribuição da água. Nesse contexto, reforçou que a participação ativa dos irrigantes é indispensável para garantir equilíbrio, representatividade e planejamento hídrico mais eficiente.
Ao encerrar sua exposição, Jordana explicou o funcionamento da cobrança pelo uso da água, prevista na Política Nacional de Recursos Hídricos. Ela destacou que o mecanismo não se trata de uma taxa, mas de um instrumento de gestão que incentiva o uso racional dos recursos hídricos e gera recursos destinados a ações de preservação, monitoramento e melhoria da gestão. Para ela, o fortalecimento dos comitês e o alinhamento das metodologias de cobrança às demandas do setor rural são condições essenciais para que o modelo cumpra seu papel.
“Para a CNA, o fortalecimento dos comitês de bacia e a participação ativa dos irrigantes nas decisões garantem maior representatividade e planejamento mais eficiente, contribuindo para a sustentabilidade e a competitividade do agro brasileiro”, concluiu.

















