O avanço das doenças foliares na soja tem intensificado as preocupações dos produtores brasileiros, especialmente nas regiões de clima tropical como Mato Grosso, Goiás, Paraná e Cerrado. A combinação entre temperaturas elevadas, umidade constante e sistemas produtivos cada vez mais intensificados elevou a pressão de patógenos e ampliou o risco de perdas produtivas.
Segundo Renan Quisini, Desenvolvimento Técnico de Mercado da Nitro, ouvido pelo CenárioMT, doenças como Mancha-Alvo, Septoriose, Cercosporiose, Antracnose e Ferrugem Asiática hoje formam um complexo patogênico altamente agressivo. Juntas, podem causar perdas superiores a 90% quando não controladas adequadamente.
“A intensificação dos sistemas soja–milho, soja–algodão e soja–feijão, o adensamento das lavouras e a presença de plantas voluntárias ampliam o volume de inóculo e facilitam a contaminação. As condições climáticas brasileiras aceleram esse processo e tornam o manejo cada vez mais desafiador”, explica Quisini.
Análise exclusiva CenárioMT: por que o Brasil se tornou terreno ideal para doenças foliares?
Com base nos dados técnicos levantados em campo nas regiões Norte e Médio-Norte de MT, o CenárioMT identificou três fatores estruturais que explicam a escalada das doenças foliares:
1. Aumento do microclima favorável ao patógeno
O adensamento das lavouras reduz a circulação de ar, mantendo folha úmida por mais tempo — condição ideal para fungos como Cercospora e Corynespora.
2. Uso contínuo de fungicidas sítio-específicos
A pressão seletiva acelera o surgimento de resistência. Nas últimas três safras, produtores relataram redução de performance em moléculas tradicionais.
3. Rotação insuficiente e pressão de sucessão soja–milho
A entressafra curta eleva o banco de inóculo no solo e sobre restos culturais.
Esses elementos explicam por que os biológicos passaram a ocupar papel central no manejo moderno.
Como os insumos biológicos agem na prática
Os biofungicidas atuam simultaneamente em três frentes:
1. Colonização da superfície foliar
Os microrganismos benéficos ocupam o filoplano e evitam que esporos patogênicos germinem.
2. Produção de metabólitos antimicrobianos
Substâncias como lipopeptídeos e antibióticos naturais inibem a germinação e o crescimento dos fungos.
3. Ativação das rotas internas de defesa da planta
A planta passa a produzir compostos próprios que reforçam sua estrutura e reduzem a severidade das infecções.
Quisini reforça que o uso preventivo é decisivo:
“O biofungicida precisa colonizar o filoplano antes da chegada do patógeno. Quando aplicado preventivamente, cria-se um ambiente hostil ao fungo e a proteção é muito mais consistente”.
De acordo com Quisini, os bioinsumos são essenciais para reduzir a pressão de resistência:
“Os fungos evoluem rapidamente. Como os biológicos têm múltiplos modos de ação, é extremamente difícil que o patógeno desenvolva resistência. Ao combiná-los com químicos, prolongamos a eficácia das moléculas e aumentamos o controle”.
Na prática, o biológico impede nova infecção, enquanto o químico garante ação de choque e efeito curativo. O resultado é um manejo mais robusto, econômico e sustentável.
O que observar ao escolher um biofungicida
O CenárioMT destaca critérios essenciais para o produtor:
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Registro no MAPA – único indicador seguro de que o produto passou por avaliação técnica rigorosa.
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Eficiência comprovada para Mancha-Alvo, Cercospora, Antracnose e Ferrugem.
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Formulação estável – fundamental para resistir às variações de temperatura e radiação solar em MT.
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Compatibilidade químico-nutricional – deve ser validada especialmente para uso em misturas.
Com a evolução da pesquisa brasileira, já existem microrganismos formulados para suportar condições extremas de Cerrado e região Sul.
Os insumos biológicos deixaram de ser uma tendência e se consolidaram como ferramenta indispensável no manejo de doenças foliares da soja. Com atuação silenciosa, porém decisiva, eles:
✔️ preservam a área foliar
✔️ protegem a fotossíntese
✔️ reduzem perdas
✔️ prolongam a vida útil dos fungicidas
✔️ aumentam a segurança fitossanitária
✔️ sustentam a competitividade do produtor
Para Quisini, trata-se de uma mudança estrutural no manejo moderno:
“Os biológicos elevam o patamar de controle e ajudam o produtor a avançar com responsabilidade, eficiência e estabilidade produtiva”.
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