Na segunda quinzena de agosto de 2024, diversas cidades brasileiras estão envoltas em uma densa camada de fumaça, dificultando a respiração da população e provocando indignação. Em meio à confusão, muitos buscam culpados, e o agronegócio, frequentemente mal compreendido, acaba sendo apontado como o principal responsável. Contudo, especialistas destacam que essa percepção é infundada e prejudicial, uma vez que o uso do fogo é ilegal nesta época do ano e contraria as práticas modernas de agricultura.
Alexandre Glauco, gestor de Sustentabilidade da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), explica que a associação entre incêndios e a atividade rural é um resquício de práticas antigas, já abandonadas pelo setor. “Esse mito de que o produtor utiliza fogo para limpar a terra antes do próximo plantio não é verdade. Na verdade, o fogo é um inimigo do plantio direto e da rentabilidade. O solo se torna menos produtivo e eficaz, resultando em colheitas menores e uma série de malefícios”, afirma Alexandre.
De acordo com ele, o fogo não só destrói a matéria orgânica — vital para o sucesso do plantio direto — como também extermina micro-organismos essenciais para a saúde do solo. Além disso, nutrientes preciosos são perdidos para a atmosfera, enquanto outros se transformam em formas químicas inacessíveis às plantas, comprometendo anos de trabalho na construção da fertilidade do solo. Esse processo afeta nascentes, fauna, flora e até mesmo os equipamentos agrícolas, gerando um ciclo de prejuízos.
Em 2021, a Aprosoja-MT produziu um vídeo que voltou a circular nas redes sociais, destacando a incoerência entre o uso do fogo e a prática agrícola sustentável. Esse material faz parte de uma série de iniciativas da entidade voltadas para a prevenção de incêndios nas propriedades rurais, reforçando o compromisso do agronegócio com a preservação ambiental.
Alexandre também chama a atenção para os riscos associados à queima de lixo, prática ainda comum em áreas urbanas devido à falta de saneamento básico. “O impacto dos incêndios é enorme: há perda da produção e aumento dos custos para recuperar os nutrientes do solo. O produtor precisa preparar novamente a terra, revolvendo-a, além dos danos à flora e fauna e à polinização. O fogo é extremamente nocivo”, alerta o gestor.
Em tempos de crise ambiental, é crucial combater preconceitos e disseminar informações corretas sobre o agronegócio, setor vital para a economia e segurança alimentar do país. A Aprosoja-MT reforça que o compromisso dos produtores mato-grossenses é com práticas agrícolas sustentáveis, que respeitam o meio ambiente e promovem a prosperidade das gerações futuras.