A incidência de chuvas está atrasando a semeadura da soja na região fria do Brasil, nos estados do RS, SC e sul do PR. A melhor época vai até o final de novembro, quando é possível alcançar as maiores produtividades com a cultura, mas a previsão é que o El Niño comece a perder força somente a partir de dezembro, ainda assim com bom volume de chuvas até o final do verão. A previsão do tempo exige planejamento do produtor para reduzir perdas por doenças na soja.
O próximo verão deverá ser marcado por volume de chuvas de normal a acima da média histórica na Região Sul. “O fenômeno El Niño deverá continuar atuando até o outono, trazendo um verão mais chuvoso, com curtos períodos de sol”, alerta o analista do laboratório de meteorologia da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato. Segundo ele, o destaque ficará por conta da oscilação das temperaturas, alternando entre dias de muito calor e períodos de temperaturas mais amenas.
O cenário indica um ambiente propício à incidência de doenças na soja, especialmente podridão radicular de fitóftora, mofo branco e ferrugem asiática.
A pesquisadora Trigo Leila Costamilan, da Embrapa, explica que o primeiro problema que poderá aparecer nas lavouras é a podridão radicular de fitóftora. Recorrente em áreas compactadas, com solos mal drenados e acúmulo de água, a fitóftora pode ocasionar apodrecimento de sementes, morte de plântulas em pré e pós-emergência e, em plantas adultas, apodrecimento de raízes, levando à murcha e morte. A doença causa maiores perdas durante a emergência das plantas, levando à ressemeadura de soja em muitas lavouras. A orientação é utilizar cultivares resistentes à doença e fazer o tratamento de sementes com fungicida específico para fitóftora, evitando a implantação da lavoura em solo encharcado ou com previsão de grande volume de chuva após a emergência das plantas.
Verão com temperaturas mais amenas, umidade e dias nublados, podem favorecer também o aparecimento de mofo-branco, a partir do florescimento da soja. O controle é realizado com manejo integrado durante todo o ano, incluindo o controle biológico, o controle químico, o plantio direto e menor densidade de plantas.
Em anos chuvosos, a principal doença a ser controlada é a ferrugem asiática. Nas semeaduras tardias, a doença tenderá a ser mais severa pelo aumento da presença do fungo no ar. Nas últimas safras, mutações do fungo causador da ferrugem asiática têm resultado na menor sensibilidade aos principais fungicidas utilizados no controle. “Os fungicidas não apresentam a mesma eficiência de quando a doença foi introduzida no Brasil, mas ainda continuam sendo uma ferramenta importante no manejo da doença. Novas mutações podem ser selecionadas ao longo do tempo”, alerta a pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy. Confira abaixo no gráfico elaborado pela Rede de Ensaios Cooperativos – Consórcio Antiferrugem – o desempenho dos produtos para controle da ferrugem-asiática ao longo das safras.