O potencial da pecuária brasileira é enorme e consolidado. É senso comum dizer que somos um país produtor por essência e excelência, que bate recordes ano após ano. Em 2021, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), índice que mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária no decorrer do ano, atingiu R$ 1,129 trilhão e, deste total, R$ 360,7 bilhões foram da pecuária. As perspectivas para 2022 são ainda melhores e especialistas apontam para crescimento de 3% em relação ao total do ano passado.
Mas são grandes as dúvidas que pairam na mente de todos os pecuaristas – e até tira a tranquilidade das noites de sono de alguns. Afinal, como fazer isso? Como vamos continuar fornecendo alimentos para os brasileiros e de milhões de pessoas ao redor do mundo, seguindo todos os padrões de sustentabilidade? Como produzir “mais e melhor”? Como enfrentar, além de todos os problemas inerentes à atividade, as críticas diárias em relação à pecuária?
Essas perguntas não têm uma resposta única e certeira. Mas podemos arriscar algumas hipóteses neste ambiente de incertezas.
Um fator que se destaca e ganha notoriedade cada vez mais nas mesas de debates entre produtores e especialistas é a importância da responsabilidade na produção, seguindo as premissas do bem-estar animal: boa nutrição, boa saúde, bom ambiente e conforto, bom comportamento e bom estado mental.
Na teoria, isso significa utilizar práticas de manejo adequadas e seguras aos animais durante toda a cadeia produtiva. Na prática, resulta em mais produtividade, rentabilidade e imagem aos pecuaristas. Sim, a produção sustentável é o único caminho para o futuro da atividade.
Podemos exemplificar a importância das práticas de bem-estar animal com um antigo e conhecido problema dos produtores brasileiros: o estresse térmico. Animais estressados, que hiperventilam e gastam muita energia procurando sombra para fugir do sol e se refrescar, têm conversão alimentar ruim. Custam muito e respondem pouco. Isso significa gastar tempo, matérias-primas sem retorno.
Esses prejuízos colocam em xeque a saúde física dos animais e a saúde financeira da propriedade. Esse é apenas um de vários exemplos, como privação à água ou acesso à água de má qualidade, longos períodos de restrição de alimentos ou procedimentos de manejo, entre outros.
Outro fato já consolidado é que o bem-estar animal é um aliado essencial para alcançar aqueles 3% de crescimento de VBP, citados no início deste texto, em 2022. Para aprimorar as práticas que norteiam o conceito da produção responsável, é necessário engajamento de todos os elos da cadeia produtiva: produtores, pesquisadores, empresas e órgãos públicos. É nosso dever, como empresa de saúde, promover iniciativas como o Desafio da Pecuária Responsável, que seleciona e viabiliza projetos que primam pelo bem-estar animal, levando tecnologia aliada ao conhecimento para as propriedades. Assim, a nossa pecuária cresce dentro e fora da porteira, beneficiando quem produz, quem consome e o futuro do planeta em que vivemos.
* Ivan Fernandes – Diretor de marketing e serviços técnicos da Phibro Saúde Animal para a América do Sul.