Até o dia 4 de maio, agricultores familiares de Minas Gerais irão participar da Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas da 87ª ExpoZebu, em Uberaba. Dentre os estandes do espaço, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reuniu produtores de doces, carnes, farinhas, vinhos, azeites, espumantes, café, mel, e, é claro, de queijos.
A tradição do modo de fazer dos queijos mineiros é predominantemente familiar. Ao longo do tempo, a comercialização do produto expandiu-se para além dos núcleos regionais, garantindo espaço de destaque como iguaria nacional.
Passada de pai para filho, a tradição à beira do Córrego do Rolim chegou à Feira de Gastronomia em Uberaba pelo produtor Paulo Sérgio de Resende. Ele aprendeu o ofício de queijeiro com o pai na região de Desemboque, zona rural do município mineiro de Sacramento.
Um queijo mais forte ao paladar e com a casca mais amarelada ficou cerca de 30 dias maturando e o mais suave e de coloração mais clara teve 15 dias de cura, explica Paulo Resende. No estande, estão 115 peças produzidas pela família para a venda até a próxima quarta-feira no espaço gastronômico da ExpoZebu.
Para ele, a oportunidade de estar representando a história do patriarca traz o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido ao longo das gerações. “Antes, o pessoal chegava lá na roça e pegava os queijos e agora a gente tem confiança no nosso produto. Nós trabalhamos sem medo e tem mais valor no nosso queijo”, conta Paulo, ao demonstrar o avanço na forma de comercialização da produção artesanal.
Tradicional pelo modo único de se fazer, os queijos da Canastra também estão presentes na feira gastronômica. A Indicação de Procedência dessa região é um diferencial do produto que traz sabores distintos para a mesma receita, que reúne apenas leite cru, sal e pingo.
“Todos os queijos são produzidos da mesma forma e com os mesmos ingredientes. Então, o que vai variar são as características dos produtores, das propriedades, do tipo de rebanho e da alimentação do gado”, explica a gerente Técnica da Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), Brenda Macedo.
Brenda Macedo ainda destacou que as características da casca amarela e firme por fora e a massa macia e saborosa por dentro decorrem do desenvolvimento da produção familiar para a comercialização do queijo.
Antigamente, os patriarcas e matriarcas produziam o queijo apenas para o consumo familiar, aos poucos começaram a vender localmente para o sustento da família. Mais para frente, com o queijo chegando a destinos cada vez mais distantes, era preciso maturar o produto para não amassar durante o trajeto. Então, o produto só podia viajar com mais de 30 dias de cura, quando já estava mais firme e amarelado.
Além de trazer o reconhecimento como Indicação Geográfica, o queijo da Canastra em seu modo de fazer também é patrimônio cultural imaterial brasileiro desde 2008, reconhecimento concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Feira de Gastronomia
Realizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas é uma das atrações da 87ª edição da ExpoZebu, maior feira da raça zebuíno do mundo.
“Para nós, a Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas é muito gratificante, pois temos aqui hoje 80 expositores da agricultura familiar, gente que produz da porteira para dentro e traz o que tem de melhor para expor aqui”, destaca o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rivaldo Júnior.
Além do cardápio variado, a feira traz workshops e treinamentos com objetivo de apresentar soluções para os alimentos embutidos, assim como, debates sobre questões legais para os produtores. A Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas ocorre entre os dias 30 de abril a 4 de maio, das 10 às 22h. O espaço é aberto ao público, que pode consumir as iguarias em mesas no local.