As cinco araras-azuis-de-lear, que foram roubadas e resgatadas no Suriname em agosto, devem permanecer na Estação Quarentenária de Cananéia (EQC), no litoral de São Paulo, pelo menos até dia 14 de setembro. Elas seguem em observação por auditores fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), formados em medicina veterinária, que verificaram indícios de que seriam animais de vida livre.
Além das araras, sete micos-leões-dourados, que estavam no mesmo local no país vizinho, foram repatriados e estão em quarentena no Zoológico de Guarulhos. As duas espécies estão categorizadas como ‘em perigo de extinção’ e são nativas do Brasil.
A operação que resgatou os animais envolveu os Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Justiça e Segurança Pública e Relações Exteriores. Eles foram repatriados em uma aeronave da Polícia Federal e as araras chegaram a Cananéia no dia 24 de agosto, devendo permanecer sob monitoramento por, ao menos, 21 dias.
De acordo com o chefe da EQC, Mateus Araújo, se confirmados os indícios de que as aves sejam animais de vida livre, é possível que elas tenham sido capturadas na natureza por traficantes. Um dos indicadores é a habilidade das aves em relação aos alimentos oferecidos a elas: animais livres e animais de cativeiro desenvolvem habilidades distintas no manuseio de alguns frutos.
Na ocasião da repatriação, a analista ambiental Silvia Neri Godoy, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), que participou da operação de busca, declarou à imprensa que as araras e os micos serão destinados a programas de conservação. Como são animais ameaçados de extinção, a retirada de cada indivíduo da natureza pode ser muito danosa.
A operação traria de volta ao Brasil 29 araras, mas apenas cinco foram localizadas em Paramaribo, capital do Suriname. Outras 24 teriam sido roubadas novamente após a apreensão.
Estação
Na terça-feira (5), o superintendente de Agricultura e Pecuária de São Paulo, Guilherme Campos, esteve na Estação Quarentenária de Cananéia, a pedido do ministro Carlos Fávaro. Ele foi conhecer as instalações que abriga aves e suínos recém-chegados ao Brasil e que precisam passar um período em observação para garantir que não tragam doenças que ameacem a sanidade animal do país.
“Os animais ficam isolados e aquela estrutura é referência mundial na proteção da produção animal”, disse Guilherme. Recentemente Cananéia dobrou sua capacidade para receber suínos e agora pode abrigar cerca de 1.800 animais.
A EQC é vinculada ao Departamento de Saúde Animal, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Mapa. Cabe a essa secretaria a prevenção e o combate de doenças de animais que possam ameaçar a preservação do patrimônio pecuário nacional.
De acordo com o chefe da EQC, os suínos passam pelo menos 30 dias na quarentena. “Se detectamos algum problema no lote, a presença de algum agente de doença infectocontagiosa que o Brasil controla ou que nunca tenha registrado, a gente detém esse lote para investigação. O objetivo é evitar que animais doentes ingressem no território nacional, assim protegemos o plantel brasileiro”, explicou Mateus.
Danilo Tadashi Kamimura, chefe da Divisão de Defesa Agropecuária no Estado de São Paulo (DDA-SP), acompanhou o superintendente na visita e falou dos procedimentos de biossegurança para acesso à estação quarentenária. Para entrar ao local, o veículo passa obrigatoriamente pelo rodolúvio. Pessoas que entram na estação precisam tomar um primeiro banho, trocar totalmente de roupa, e em seguida passar por um segundo banho e trocar novamente de roupa. O procedimento é repetido na saída.
“Essas ações são necessárias para evitar qualquer escape de agentes patogênicos que possam introduzir doenças ausentes no Brasil”, afirmou. Danilo disse ainda que a EQC está localizada em um ambiente protegido por “um grande pulmão” de mata atlântica, que dificulta a disseminação de doenças.
Informações à Imprensa