“O mais sensato nesse momento é não vender soja e milho até que o mercado esteja favorável”. É o que avalia João Augusto Birkhan, especialista em mercado de grãos e CEO do SimConsult, plataforma de precificação de commodities. A orientação é diante do atraso no plantio de soja do Brasil da temporada 2023/24, em meio à falta de chuvas regulares.
De acordo com a última atualização do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a semeadura de soja teve um avanço de 13,27 pontos percentuais, totalizando 83,32% da área prevista. Mas está atrasada 5,29 pontos da média dos últimos cinco anos.
Ainda segundo o boletim, as regiões Sudeste e Nordeste do estado apresentaram os maiores avanços na semeadura, de 17,97 pontos percentuais e 17,94 pontos percentuais, respectivamente.
Birkhan avalia que o fenômeno El Niño tem alterado significativamente a distribuição da temperatura no Brasil. Em Mato Grosso, o superaquecimento vem prejudicando a semeadura e muitos produtores ainda estão analisando se irão replantar a soja e o milho, pois já fechou a janela para a segunda safra. Significa que já teremos uma redução na nossa safra 23/24 que deverá repercutir nos preços futuros.
O ideal, segundo João Birkhan, é o produtor adiar a venda da soja. A bolsa de Chicago já vem apresentando sinais de melhora, mas “o que ainda está prejudicando são os prêmios negativos da exportação da soja e só se reverterá se pararmos de vender”.
“A industrialização (Crushing) está muito favorável, ou seja, o preço da soja tem espaço para subir, principalmente os preços no mercado interno. A diferença entre a exportação da soja comparado com o esmagamento está em torno de US$ 4,00 por saco o que equivale a R$ 20,00 por saco, mais um motivo para não termos pressa para vender”, explica Birkhan.
Mercado global
A cotação da soja em Chicago está acima de US$ 13 dólares o bushel. Já o dólar, que dá suporte à venda da soja no mercado interno, está desvalorizando.
A previsão, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central, é de que o câmbio feche o ano em R$ 5. “Portanto, é provável que não virá do dólar a melhora dos preços no mercado interno”, pontua João Augusto Birkhan.