A agricultura orgânica pode proporcionar até 50% mais lucro do que a agricultura convencional. A informação é do agrônomo Rogério Leschewitz, especialista em agroecologia da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT). Com o apoio do Programa REM Mato Grosso, ele atua na região Noroeste do estado, no sentido de chamar a atenção dos produtores para uma produção mais sustentável e economicamente viável.
“A produção orgânica pode ter um custo reduzido de até 50% em relação à agricultura convencional. Isso porque ela gera muito valor agregado, tanto pela questão dos nutrientes em comparação com o produto convencional, quanto pelos princípios de sustentabilidade voltados para a preservação do meio ambiente, da cultura e da geração de uma economia social”, detalha Rogério.
De acordo com o agrônomo, a produção orgânica no mundo cresce cerca de 10% ao ano. “São 112 milhões de hectares no planeta. No Brasil, a gente também vê um crescimento muito grande, de 25% no consumo desses alimentos. A sustentabilidade já não é mais um nicho de mercado, mas uma tendência de produção mundial. O produtor que prestar atenção nesse sistema só tem a ganhar”, afirma, com base em estudos do setor.
Caminho orgânico
Rogério pondera, no entanto, que existe um caminho de transição para essa agricultura, cujo os custos podem variar de acordo com a realidade de cada propriedade.
“Se o produtor tem mais condições de elaborar esse projeto, investir de forma inicial, ele tem um resultado mais rápido. O produtor que é menos capitalizado para elaborar esse tipo de projeto, o retorno econômico costuma demorar um pouco mais. Mas depois que tudo está adaptado os ganhos são muito vantajosos”, explica.
O agrônomo ressalta que os produtores não estão sozinhos nesse processo por uma agricultura mais sustentável.
“Existem o apoio de órgãos e programas como a Empaer e o REM MT, que possuem pilares atrelados à assistência técnica que trabalham a sustentabilidade nas propriedades. A produção agroecológica pode ser atingida através de sistemas de cultivos biodiversos, de sistema agroflorestais ou sistemas consorciados que misturem a lavoura com a pecuária, por exemplo”, elenca o agrônomo.
Mitos sobre agricultura orgânica
Segundo Rogério, muitos mitos foram criados em torno da produção orgânica, principalmente durante as décadas de 1960 e 1970 em que houve no ocidente a “revolução verde”, que implantou o sistema de agricultura hegemônico atual – baseado no uso de agrotóxicos e insumos agrícolas.
Alguns desses mitos é que a agroecologia é inviável, porque não conseguiria alimentar grandes populações. “Mentira. Se não no mundo não haveria mais de 112 milhões de hectares plantados de agricultura orgânica”, disse ao ressaltar que por mais de 5 mil anos, antes da revolução verde, as populações viveram dentro dessa lógica.
Ele destaca ainda que esse tipo de modelo é muito forte em países com consciência ambiental. “Por exemplo, na Dinamarca, agora em 2021, toda a produção do país vai ser de agricultura orgânica. Então, parte muito dos princípios de cada política governamental das nações”, argumenta Rogério.
Futuro da alimentação no mundo
Por fim, Rogério é taxativo ao dizer que não existe outro caminho sem ser o da “produção sustentável” e enfatiza que esses sistemas possibilitam que o produtor melhore sua produção, sem a necessidade de alcançar novas áreas através do desmatamento.
“O papel do agrônomo, da Empaer, e de iniciativas como REM MT, são fundamentais para que tudo isso seja possível. Não existe outro caminho futuro para a agricultura a não ser o da sustentabilidade. Você trabalhar em um sistema que não é sustentável, ele tende mais cedo ou mais tarde ao fracasso”, alerta.
Por Marcio Camilo