A tão aguardada chuva deverá voltar a cair em Cuiabá apenas na primeira quinzena de setembro. Essa é a previsão, segundo a chefe do 9º Distrito de Meteorologia (9º Disme), Marina Padilha, que alerta para a ‘temporada de tempestades’ que deverá começar junto com as precipitações, que vem acompanhadas de fortes ventos e causam vários estragos.
“Por enquanto, as nossas previsões não apontam chuva para os próximos dias, o que é normal para o Estado neste período. Continuamos no nosso inverno de 40ºC. A primeira começa no dia 23 de setembro e acreditamos que as primeiras chuvas devem cair na primeira quinzena de setembro, como ocorre normalmente”, explicou Marina.
A meteorologista não descarta a possibilidade de pancadas isoladas em algumas regiões, principalmente de Mato Grosso, como tem acontecido. Porém, principalmente em Cuiabá, a chuva só deve chegar mesmo neste período.
Quando chegar, a chuva deverá vir acompanhada de muito vento. Por isso, a chefe do 9º Distrito alerta para a ‘temporada de tempestades’ que tende a causar estragos na capital mato-grossense. “A tendência é de muito vento, raios e pouca quantidade de água. É um período problemático”.
A chuva é aguardada em Mato Grosso para dar um refresco nas intensas queimadas que assolam as vegetações no Estado, principalmente o Pantanal. O bioma possui cerca de 15 milhões de hectares de extensão territorial, sendo 10 milhões localizados em Mato Grosso. Deste total, de acordo com o Ibama, do início de 2020 até a semana passada, o fogo já havia destruído 1,55 milhão de hectares, área equivalente a dez municípios de São Paulo.
Levantamento realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que, somente nos primeiros 13 dias de agosto, 1.317 focos (51%) ocorreram na porção mato-grossense do bioma e outros 1.261 focos (49%) na porção do bioma em Mato Grosso do Sul. Ao todo, se considerarmos os dois estados, o Pantanal já perdeu 10,3% de sua cobertura vegetal.
Segundo especialistas, ainda é cedo para avaliar a dimensão do estrago causado pelo fogo, principalmente porque a expectativa é de que no mês de setembro a seca castigue ainda mais a região.
Este é o maior incêndio ocorrido no Pantanal nos últimos 14 anos, que enfrenta ainda o avanço do desmatamento e uma das maiores estiagens observadas na história recente. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os primeiros sete meses de 2020 foram os que registraram mais queimadas em comparativo ao mesmo período de anos anteriores.
O mês de julho deste ano, por exemplo, foi o período em que o Pantanal mais pegou fogo nos últimos 22 anos. Conforme o Inpe, foram registrados 1.684 focos de queimadas na ocasião. No mesmo mês, no ano passado, foram 494 focos. O recorde de queimadas em julho, até então, havia sido em 2005, com 1.259 registros.
O Pantanal é maior área úmida continental do planeta, mas este ano, o nível das águas do rio Paraguai – principal formador do bioma – chegou a 2,10 metros em junho, de acordo com a Marinha do Brasil, período que costuma marcar o pico do rio ao longo do ano. Esta foi a menor marca observada nos últimos 47 anos, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).