Um menino de 5 anos, que era cego e tinha hidrocefalia, morreu na sexta-feira (14) vítima de coronavírus (Covid-19) em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. A família do menino diz que o garoto foi infectado pela doença no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG) ao ser internado para repor uma sonda. A mãe dele, que o acompanhava, também foi infectada.
A família conseguiu uma decisão na Justiça que obrigava o município de Várzea Grande, Cuiabá e o governo de Mato Grosso a colocarem a vítima em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de qualquer hospital de referência. Mesmo com a decisão, o garoto não foi transferido e morreu.
A Prefeitura de Várzea Grande informou que o menino já estava com Covid-19 e aguardava transferência para UTI.
Disse também que existia vaga infantil para o menino, mas, no caso dele, o tratamento deveria ser especializado e mais complexo por conta da Covid-19 e do quadro da criança.
A avó da criança, Leliane Borges, comentou que a família está chateada e triste pelo fato de ter ‘blindado’ o menino para que não pegasse a Covid-19 e também pela situação da falta de UTI.
“Ele foi internado no PSMVG porque a válvula intracraniana [sonda] dele se rompeu. Ele tinha hidrocefalia e era cego. Mas, ele já passou por esse processo de romper válvula e colocar no lugar, e resistiu de boa e sem problemas. Ele entrou no PSMVG sem Covid-19”, afirmou a avó.
A criança ficou cega após o nascimento enquanto estava na incubadora.
Segundo a avó, o menino foi atendido inicialmente no box de emergência onde havia uma outra paciente com Covid-19. O médico que atendeu essa paciente também atendeu o neto de Leliane. Depois, após exames, a família descobriu que o garoto foi infectado.
Dois dias antes de o menino morrer por complicações do coronavírus, a família conseguiu uma liminar para transferir o garoto para uma UTI.
A decisão, da juíza Silvia Renata Anffe Souza, saiu na quarta-feira (12). Nela, a magistrada determinou que as prefeituras, tanto de Várzea Grande e Cuiabá, e o governo, disponibilizassem uma vaga em UTI para a criança.
“Caso não haja disponibilidade imediata nas instituições públicas, apto a tratar e realizar avaliação da patologia que a acomete, tendo-se como prioridade os locais mais próximos da cidade onde se encontra a paciente, para que o deslocamento tenha o menor desgaste possível ou a utilização do meio de transporte adequado à dimensão da enfermidade”, alertou a juíza.
Mesmo com a morte do menino, a família agradeceu aos profissionais do PSMVG ainda assim com a falta da UTI.
Os demais integrantes da família, que tiveram contato com o paciente e a mãe, passarão por exames para atestar se também pegaram Covid-19. A morte do garoto por Covid-19 consta no boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de sexta-feira (14).