A prefeitura de Várzea Grande vai editar ainda nessa semana, por meio de decreto, a extensão do feriado nacional religioso de Corpus Christi, que é celebrado no próximo dia 11 e ponto facultativo na sexta-feira no Poder Público. Na tentativa de desacelerar a evolução do número de novos casos de Covid-19 e do colapso nas unidades de saúde, o feriado será prolongado – quinta, sexta, sábado e domingo. “É uma medida dura, reconhecemos, mas esse fechamento preventivo é uma forma de achatar a curva de disseminação do novo coronavírus e evitar o lockdown, que hoje é uma alternativa drástica”, anunciou a prefeita Lucimar Sacre de Campos, nessa manhã, durante reunião semanal do Comitê de Enfrentamento ao Novo Coronavírus (Covid-19).
O secretário municipal de Saúde, Diógenes Marcondes, destacou que hoje há mais dificuldades em se conseguir um leito de UTI do que há uma semana atrás. “São medidas duras parar uma cidade do porte de Várzea Grande, a segunda maior população do Estado, por quatro dias, mas necessário para se buscar o platô da curva de disseminação. O poder público tem o dever de salvar vidas”.
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O secretário foi severo ao afirmar que somente a prática do distanciamento social irá preservar vidas e alargar o pico de contaminação. “Quanto mais tempo se ganha, mais chances de atender e salvar vidas vamos tendo. O colapso no sistema de saúde já existe!”. Ele acrescentou ainda que nessa semana Várzea Grande passou a registrar dificuldades em regular pacientes para um leito de UTI.
O lockdown foi constantemente debatido pelo Comitê na reunião de hoje, mas conforme os seus membros, o feriado prolongado poderá ser um teste valioso para se perceber os efeitos do distanciamento, e consequentemente, o comportamento da população e dos setores econômicos. “Tivemos medidas duras no início dos primeiros casos de Covid-19, em Várzea Grande, mas a flexibilização vem provando que a doença está evoluindo com muita velocidade. As medidas iniciais foram acertadas, pois a doença caminhou de forma lenta. O momento atual vem exigindo ações drásticas, mas eu não quero ficar dentro de um gabinete assinado decretos e mais decretos sem saber como isso vai impactar sobre nossa cidade. O que precisamos, e eu insisto, e de união de todos os segmentos e poderes para que haja efetividade, resolutividade em tudo que for decidido e principalmente fiscalização para que todos possam trabalhar, mas dentro das regras estabelecidas nos decretos com limitações no atendimento de 50% nos comércio em geral, 30% nos estabelecimentos de gêneros alimentícios e dois horários de funcionamento para almoço e jantar para restaurantes e pizzarias”, argumentou a prefeita.
Conforme Diógenes, o momento atual não deve ser avaliado e decidido por meio de comparações. Como disse, a pandemia cresce a uma velocidade assustadora em todo país e Várzea Grande, inserida em uma região Metropolitana, não seria diferente. “O controle que estamos lançando mão, com decretos revisados a praticamente toda a semana, tem se mostrado insuficiente. Veja bem, nesse último decreto, o de número 36, estabelecemos horários limites de funcionamento para todos os tipos de estabelecimentos, que é até às 19h30. Depois desse horário a cidade deveria estar deserta, pois há quase um lockdown noturno, mas não é o que vemos, especialmente nos bairros”, lamentou o secretário.
“Tudo que a gestão pública de Várzea Grande vem fazendo desde março, início da pandemia no Brasil, é buscar o equilíbrio entre a manutenção da vida e do ciclo econômico. Não podemos esperar mais, a população tem de fazer sua parte, ficar em casa, evitar aglomerações e levar a sério o distanciamento social. Todas as decisões tomadas aqui, hoje, vão refletir diretamente na vida das pessoas, no desenvolvimento de Várzea Grande e impactar sobre o futuro”, concluiu a prefeita.
REUNIÃO – Por estar inserida em uma região Metropolitana, as decisões em relação ao funcionamento das atividades econômicas são complexas e exigem união, esforço e diálogo com representantes de todos os segmentos, defendeu a prefeita ao abrir a reunião de hoje, que foi o primeiro encontro de trabalho do Superintendente da Vigilância Sanitária em Várzea Grande, o Coronel da PM, Alessandro Ferreira da Silva. Uma presença bastante elogiada pela prefeita foi a do presidente da Câmara de Dirigentes Lojista da cidade (CDL/VG), David Pintor. “Nossa estratégia de fiscalização está e deve ser sempre reforçada, temos conosco a PM, a Guarda Municipal, o Corpo de Bombeiros, a Vigilância Sanitária, o Meio Ambiente, a Câmara de Vereadores e a CDL. Assim trocamos informações, reforçamos condutas de atuação e vamos nos aproximando cada vez mais da população e assim, de conscientizá-las. Creio que a partir de agora, nossas ações estarão mais fortificadas e eficientes”.
Em um apanhado de ações já realizadas, o tenente coronel da PM, que somente em Várzea Grande foram realizadas mil fiscalizações in loco, das quais 30% delas – um terço – resultaram em notificações por descumprimento dos decretos municipais. Somente em maio, foram 400 fiscalizações, em 22 locais houve reincidência, especialmente em setores ligados ao lazer e que tem como público-alvo, os jovens. “A maior dificuldade está sendo registrada nos bairros”, destacou. Vinte e cinco eventos privados foram interrompidos por gerar aglomerações. As forças de segurança estão com agentes de inteligência monitorando as redes sociais, para evitar a realização de eventos.
Os bombeiros estão realizando serviços voltados à desinfecção de locais públicos, executando e coordenando essas ações. “Mas a corporação está pronta para auxiliar as ações em conjunto para ampliar o alcance das ações partilhadas pelo Comitê”.
O presidente da CDL, David Pintor, destacou a importância das ações tratadas em conjunto. “Existe um Termo de Compromisso firmado pela entidade que representa os empresários e o Município, pelo qual há empenho do setor em divulgar as medidas editadas pela prefeitura, efetivá-las e cumpri-las. Já doamos 10 mil máscaras à população e outras 10 mil serão entregues no decorrer do mês. O setor comercial está empenhado em barrar a circulação do vírus, pois medidas drásticas, como o fechamento total, prejudicam e muito o setor, seja ele de comércio, indústria e ou prestação de serviços. Estamos juntos para avaliar a situação e não sermos pegos de surpresa”. Como completou Pintor, que cerca de 41 mil pessoas moram em Várzea Grande e trabalham em Cuiabá, o que conforme ele, demanda atenção do poder público para necessidade da tomada de decisões em conjunto, no que se refere à região Metropolitana.