O artigo “Predição de casos e óbitos de Covid-19 em Mato Grosso e no Brasil” é fruto de parceria entre a Unemat (profa. Dra. Ana Cláudia Pereira Terças Trettel), UFMT (Dr. Mariano Martinez Espinosa) e equipe da SES-MT (Dra. Elaine Cristina de Oliveira, secretário adjunto Juliano Melo e o técnico da responsável pelo COE, Roney Damasceno). O estudo foi publicado na revista científica Journal of Health & Biological Sciences (JHBS) e pode ser acessado gratuitamente AQUI!
A pesquisa aponta a possibilidade de se estimar, pautado em modelo estatístico, o número de casos e óbitos de Covid-19 que ocorrerão no Brasil e no Estado de Mato Grosso. Esses dados podem contribuir para instrumentalizar gestores para o planejamento de ações estratégicas de prevenção, monitoramento e controle da pandemia.
“A parceria entre as principais instituições de ensino de Mato Grosso com a equipe do Centro de Operações Estratégicas e Laboratório Central da Secretaria de Estado de Mato Grosso foi fundamental para direcionar os estudos e estabelecer predições a curto prazo, que auxiliam na adoção mais precisa de ações efetivas de monitoramento e controle da pandemia da Covid-19, adequada a realidade mato-grossense”, afirmou a professora do curso de Enfermagem da Unemat, Ana Cláudia Trettel.
Metodologia
Foram utilizados dados do Ministério da Saúde (MS) do Brasil e da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), que gera e disponibiliza, via Internet, números diários de casos e óbitos no país.
Para prever os casos e óbitos do novo coronavírus no Brasil e, especificamente, em Mato Grosso, foi utilizada a técnica estatística de séries temporais, considerando o modelo denominado exponencial duplo. E, para o processamento dos dados, empregou-se um programa computacional.
No estudo, foram consideradas duas variáveis dependentes: o número de casos e óbitos da Covid-19 no Brasil, e a variável independente foi data de divulgação da ocorrência do óbito. Para Mato Grosso, foi considerado apenas o número de casos de Covid-19, pois esse registro ainda é muito baixo.
A análise de tendências temporais, embora seja algo recente na saúde pública, é uma técnica que possibilita prever as tendências desta pandemia. “A realização de análises em curto período de tempo é uma ferramenta importante, pois, como a pandemia é dinâmica e com comportamento inesperado, é fundamental que essa análise ocorra a cada sete dias e auxilie no monitoramento e avaliação, redirecionando as ações e ajustando-as à nova realidade”, explicam os autores.
No estudo foi evidenciado um aumento muito rápido do número de casos e óbitos. Os primeiros 60 dias de circulação da doença apresentam disseminação mais rápida, possivelmente associada à alta transmissibilidade, à adoção tardia de medidas de distanciamento social, ao grande número de assintomáticos/subnotificação e ao período de incubação de até 14 dias.
“Cabe ressaltar que a adoção precoce de ações governamentais como detecção e isolamento precoce dos casos, distanciamento social e redução de interação da população, monitoramento das fronteiras e ampliação de higiene pessoal podem reduzir a disseminação e, assim, modificar o comportamento da doença. Adicionalmente, ações opostas às descritas acima podem ocasionar a explosão de casos e, consequentemente, dos óbitos”, pontuam.