De acordo com a Pastoral de Migrantes, desde 2012 mais de 5 mil haitianos foram atendidos pela instituição. Já em relação aos imigrantes venezuelanos, de 2018 a junho 2019, mais de 600 pessoas acolhidas no local.
Ainda segundo a pastoral, ao contrário do que se imaginou em 2012, que os haitianos iriam embora com fim das obras de adequação para a Copa do Mundo de 2012, o fenômeno migratório se tornou permanente.
“É um fluxo contínuo. Do mesmo jeito que muito deixam o estado, outros chegam. Todos os dias tem gente chegando e não são apenas haitianos e venezuelanos”, disse a auditora fiscal do Trabalho Marilete Mulinari.
Atualmente, Mato Grosso abriga cerca de 4 mil haitianos, em vários municípios. Entretanto, muitos que estiveram aqui foram buscar trabalho em outros países da América do Sul.
Diante dessa realidade, representantes da pastoral se reuniram com o governo do estado e Prefeitura de Cuiabá para discutir políticas de acolhimentos aos imigrantes.
“O que podemos perceber é que esse processo não vai parar e que, não apenas os haitianos ou venezuelanos buscam o Brasil. Hoje já temos cubanos e colombianos residindo em Mato Grosso”, destacou a auditora.
Ainda segundo ela, em razão de já ter acolhido pessoas de outras nacionalidades em situação de vulnerabilidade, o Brasil de tornou uma referência para refugiados.
Além disso, os imigrantes já que residem e trabalham em Mato Grosso, acabam estimulando a vinda de parentes e conhecidos, porque eles também se tornam referência para os que ainda estão nos países de origem.
A ideia da reunião foi chamar a atenção do governo para um processo que não vai acabar.
“Primeiro foi o Haiti, depois a Venezuela, daqui a pouco outro país pode precisar do nosso auxílio. Assim, como muitos brasileiros por interesse próprio ou outros motivos, são acolhidos no exterior”, comentou.
Uma ações que precisam ser vistas com urgência é uma forma de abrigar os imigrantes. Atualmente, a pastoral tem 115 pessoas, entre haitianos e venezuelanos. Entretanto, a casa só tem capacidade para abrigar 100 indivíduos.
“Precisamos discutir formas de acolhimento e referência para que essas pessoas saibam quem procurar ao chegar aqui e assim, evitarmos problemas como aumento da população de rua”, destacou Marilete.
Outra questão discutida é com relação à comunicação e é um dos fatores de maior dificuldade para os estrangeiros. Apesar das escolas estaduais, por meio do programa de alfabetização de jovens e adultos oferecer aulas de língua portuguesa, muitos não conseguem trabalho por não compreender o idioma.
Identificação com a cultura
O fator cultural e a característica receptiva dos mato-grossenses faz com o que o estado seja bem visto pelos imigrantes, segundo a pastoral.
“Apesar de em algumas situações ainda persistir um certo preconceito, na maioria dos casos, os mato-grossenses são muitos receptivos, fazem muitas doações, ajudam e isso faz com o imigrante se sinta acolhido”, afirmou.
Característica do imigrantes
No caso dos haitianos, a maior parte chega ao estado sozinho, mas trabalha para manter a família deixada no país de origem. Outros imigraram solteiros, mas acabaram encontrando os pares em Mato Grosso.
Muitos vivem em grupos, e próximos a outros haitianos.
Já os venezuelanos chegam com a família. E aqueles que não puderam levar os familiares, faz com que eles venham para o Brasil assim que conseguem emprego.
Dia do Imigrante
A reunião entre com representantes dos órgãos foi realizada na terça-feira, justamente porque o dia 25 de junho foi determinado como o Dia do Imigrante através do Decreto nº 30.128, de 14 de novembro de 1957, emitido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Esta data foi escolhida por ser o fim das celebrações da semana da Imigração Japonesa, comemorada a partir de 18 de junho. No calendário brasileiro, os imigrantes ainda são homenageados em outra data: Dia do Imigrante Italiano (21 de fevereiro).