Há exatamente cinco anos, Cuiabá sediava o primeiro dos quatro jogos da Copa do Mundo de 2014 na Arena Pantanal. A partida entre Austrália e Chile reuniu 40.275 pessoas no estádio.
A capital mato-grossense foi uma das cidades-sede e recebeu milhares de turistas e visitantes.
Apesar de Mato Grosso atrair turistas para o Pantanal mato-grossense e de Chapada dos Guimarães, a 65 km da capital, independentemente da época do ano, Cuiabá não é considerada rota do turismo e nunca recebeu tantos turistas como na época da Copa.
Isso também foi motivo de preocupação, inclusive do governo federal. Para suprir o déficit de mais de 8 mil leitos da rede hoteleira, se investiu na hospedagem alternativa. Os cuiabanos tiveram de acomodar torcedores em suas casas e alugar imóveis por temporada. Alguns torcedores mochileiros ficaram em barracas em diversas áreas de camping no entorno da cidade.
Escolhida em detrimento de outras cidades, incluindo a vizinha Campo Grande (MS), Cuiabá teve de provar que tinha condições de sediar o mundial. O desafio foi construir em um curto período de tempo uma grande quantidade de obras de mobilidade urbana.
Foi dado início a 56 projetos, avaliados em mais de R$ 2,3 bilhões, e ao longo dos quatro anos que antecederam a Copa o trânsito da cidade se tornou caótico com viadutos, trincheiras, tapumes e desvios em diversos pontos da cidade.
Assim como o transporte coletivo, a hospedagem dos turistas não gerou reclamações por parte dos torcedores que desembarcaram em Cuiabá para ver os jogos.
Apesar de ter começado a se preparar para o evento mundial três anos antes dele, cinco anos após sua realização a capital mato-grossense tem sua estrutura urbana comprometida pelos atrasos, os quais acometeram a execução de todas as obras lançadas para preparar a cidade. Além dos atrasos da execução em si dos projetos, o pacote de intervenções ficou seriamente prejudicado pelos atrasos ocorridos por problemas técnicos, burocráticos ou judiciais em relação aos projetos.
No quesito mobilidade urbana, as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) não têm previsão para serem retomadas. Dos 22 km de trilhos previstos no projeto, apenas seis foram feitos. Os vagões comprados antes que os trilhos ficassem prontos estão parados. Já foram gastos mais de R$ 1 bilhão.
O Centro Oficial de Treinamento do Pari (COT), em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, que deveria ser um local para treinos dos jogadores, não foi concluído. Dos R$ 30 milhões previstos, R$ 21 milhões já foram gastos. O gramado está destruído, os refletores foram roubados e os vestiários inutilizados.
Outro COT que está inacabado é o da Universidade Federal de Mato Grosso. O espaço também nunca foi usado, desde 2014.