Governo japonês fala em ampliar cooperação e negócios Brasil-Japão

Prefeitura apresentou dados para plano desenhado por agência governamental japonesa

Fonte: Assessoria

JICA Visita 2

O governo japonês quer expandir os negócios entre o Brasil e o Japão em diferentes setores da economia. O intuito é alavancar a cooperação já existente entre os dois países, beneficiando a pauta de compra e venda de produtos, a troca de experiências em diferentes eixos (ambiental, econômico, entre outros) e fortalecer o intercâmbio de informações. Um novo projeto de cooperação internacional começa a ser desenhado pela Japan International Cooperation Agency (Jica), ou, em Português, Agência de Cooperação Internacional do Japão. Tão logo seja formatado, será submetido à aprovação japonesa.

Nesta primeira etapa, técnicos da Agência já trabalham com a coleta de informações que vão subsidiar a elaboração do documento. Para tal, percorrem territórios considerados estratégicos em termos de expertise em alguma das frentes sobre as quais se têm interesse. Mato Grosso (agropecuário), São Paulo (acadêmico e industrial) e Brasília (governamental) estão no roteiro de visitas, com diálogos programados com o poder público municipal, universidades, iniciativa privada e Governo Federal. Em Mato Grosso, são objeto de verificação e levantamento as experiências de sucesso nas áreas agrícola, pecuária e ambiental.

“Estamos discutindo e, inicialmente, obtendo as informações”, diz o senior advisor da Jica, sede Tokyo, Akira Kamidohzono, em uma referência aos eixos ambiental, agrícola e econômico. Na última sexta-feira, 08/03, o técnico da Agência Japonesa, acompanhado de outros quatro representantes da Instituição, visitaram Sinop (MT) e cumpriram uma agenda de trabalho junto ao governo municipal. Durante todo o dia participaram de reuniões com equipes das secretarias de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS). O grupo também visitou a sede da Embrapa Agrossilvipastoril.

Segundo sinalizou Akira Kamidohzono, embora não se tenha definido o objeto central da cooperação, os planos podem convergir em torno da agropecuária. “Queremos fazer uma prospecção sobre agricultura, silvicultura, levar as discussões para o Japão e discutir um formato para propor uma cooperação”, disse o agente governamental na sede da Secretaria de Meio Ambiente.

As atenções japonesas sobre a agricultura brasileira e mato-grossense tem um porquê: com apenas 30% de suas terras consideradas agricultáveis (limitações impostas por condições de relevo), sendo a maior parte destinada à produção de arroz, o Japão não possui uma agricultura e pecuária autossuficientes, sendo dependente do mercado externo na hora de comprar carnes e produtos agrícolas voltados à alimentação daquela população.

Do Brasil, o Japão é cliente na aquisição de produtos como o minério de ferro (27% de participação nas exportações brasileiras àquele país em 2018), carne de frango congelada, fresca ou refrigerada, incluindo miúdos (16% de participação), café em grão (7,4%), soja mesmo triturada (5,1%), farelo e resíduos da extração do óleo de soja (2,6%), milho em grão (1%), além de outros itens manufaturados e semimanufaturados. Apenas em 2018, o Brasil exportou à localidade asiática US$ 4,33 bilhões em diferentes produtos, segundo o Ministério da Economia. Entretanto, do total de países com os quais o Brasil se relaciona comercialmente, a fatia participativa do Japão não atinge 2% (1,81%), traduzindo brechas e oportunidades de negócios.

Apenas o Estado de Mato Grosso embarcou US$ 182,16 milhões em diferentes produtos para o Japão no último ano. No centro dos debates quanto a uma nova proposta de cooperação, o município de Sinop, a 503 km de Cuiabá, pode se beneficiar. “Em primeiro lugar porque existe, realmente, um potencial para crescimento da atividade agrícola. E aqui existe toda uma cadeia de produção que inclui soja, milho, algodão e tudo isso vai realmente para o Japão. A ideia é ter esse foco. Como Sinop está contribuindo no Japão, a ideia é a gente ter alguma coisa que possa contribuir [com a cidade]”, destacou Akira Kamidohzono, ao falar sobre a motivo que levou a comitiva japonesa a visitar o município.

Representando a prefeita Rosana Martinelli nos encontros, os secretários municipais de Desenvolvimento Econômico, Billy Dal Bosco, e de Meio Ambiente, Ivete Mallmann, avaliaram como positiva a articulação com o grupo japonês e a chance de contribuírem com o levantamento de dados econômicos e ambientais sobre a cidade. “O intercâmbio entre Brasil e Japão é extremamente positivo. Ainda mais quando falamos de nossa região. Essa oportunidade de encontro mostra uma possibilidade de aproximação com aquele governo, pois nós temos um potencial grande em termos hídrico, agricultável e o Japão detém uma grande tecnologia”, falou Billy Dal Bosco.

Na matriz econômica sinopense, a agropecuária divide espaço com os setores de serviços e industrial na geração de renda e composição do Produto Interno Bruto (PIB) municipal. São exploradas comercialmente atividades agrícolas como a da soja, do milho, do algodão, da cana de açúcar, do arroz, do feijão, além da pecuária bovina. Ivete Malmann, secretária de Meio Ambiente, ao apresentar um prognóstico ambiental de Sinop, articulado à realidade regional/Estado, ressaltou o esforço em torno da produção sustentável de alimentos na agropecuária. Igualmente, sobre o papel da pesquisa na evolução da agricultura, com ênfase ao trabalho regional conduzido pela Embrapa Agrossilvipastoril, sediada em Sinop, e que tem revelado uma nova perspectiva quanto à integração entre a agricultura, a pecuária e a floresta.

Na avaliação da gestora, a visita de técnicos da Agência Japonesa em Sinop abre portas para futuras parcerias. “Sabemos que o Japão tem uma área agricultável muito pequena, em torno de 30%, e podemos fazer novas parcerias. Eles já têm tecnologias importantes e que podem ser agregadas ao agronegócio. Isso é importante para o município de Sinop, considerando-se a importância regional e instituições de pesquisa que temos em nosso município, a exemplo da Embrapa e das Universidades”, ponderou Ivete Mallman.

BIMESTRE

Dados do Ministério da Economia mostram que somente no primeiro bimestre de 2019, Sinop exportou o equivalente a US$ 64,45 mil em produtos distintos ao Japão.

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