Três estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) criaram um projeto de pesquisa social e convidam as pessoas que passam pela Estação Alencastro, em Cuiabá, a escolherem uma música, colocar um fone de ouvido e dançar com eles no local.
Caio Augusto Ribeiro, de 22 anos, que faz ciências contábeis, Marcella Gaioto, 21, que cursa letras, e Pedro Duarte, 20, que cursa biologia, iniciaram a ação em fevereiro e devem seguir até julho. Eles vão ao local de ônibus toda quinta-feira carregando um celular, um fone de ouvido e uma placa que diz: ‘Escolha uma música e dance comigo’.
O projeto ‘Coma a fronteira’, segundo Caio, parte do conceito das artes híbridas que, mesmo com o avanço tecnológico, a arte continua existindo por meio de uma performance multicultural.
Com esse princípio e baseado em outras pesquisas, eles criaram a teoria da ‘arte do entorno’ – quando o artista é o veículo e o protagonista é a população que faz a arte – e fizeram da Estação Alencastro um laboratório de pesquisa.
“Escolhemos essa estação por ser um local de fronteira com a praça. É uma forma de ‘quebrar o gelo’ no local, pois ninguém sai de casa para passear no ponto de ônibus, mas outros saem de casa para passear a poucos metros dali, que é na praça”, explicou.
“Já teve gente que pediu para dançar lá fora, porque estava com receio. É essa a barreira que queremos quebrar. São menos de 20 metros de distância e uma parede de vidro que afastam as pessoas”, ressaltou Caio.
A música, segundo o estudante, é escolhida pelo próprio passageiro. Depois disso, o passageiro coloca o fone de ouvido e guia a dança. Já os estudantes apenas os acompanham.
“Pedimos apenas para escutarem a música e, aos poucos, vão mexendo um pé, balançando a cabeça e, de repente, já estamos dançando juntos. No entanto, tem alguns que realmente não aceitam”, declarou.
Apesar da resistência, Caio disse que o grupo tem conseguido um número considerável de participantes. A ação dura cerca de 1 hora e meia e já chegou a ter a participação de 25 pessoas nesse período.
“Até os funcionários já participaram. As pessoas se contaminam com a solidão em locais públicos. Então queremos contaminar as pessoas com dança e música. Apenas uma pessoa escuta e a gente se deixa contaminar. Com isso, outras pessoas se afetam também”, ressaltou.
Segundo Caio, a partir de março, eles devem desenvolver outras ações no local, mas a música deve continuar até o fim da pesquisa, em julho. Depois disso, eles pretendem levar o projeto para outras ‘fronteiras’ de Cuiabá.