Com utilização de tecnologia de ponta, foi possível identificar mais de 85% das 185 vítimas do desastre de Brumadinho (MG), por meio das impressões digitais. Os resultados da atuação da papiloscopia na ocorrência foram compartilhados pelo papiloscopista da Polícia Federal e do Instituto Nacional de Identificação de Brasília, Marco Antonio de Souza, no I Simpósio Estadual de Identificação, que começou nesta quarta-feira (27).
O profissional apresentou aos participantes o sistema Alethia, como é conhecido, que faz o cruzamento das impressões digitais das vítimas encontradas com impressões armazenadas previamente em um banco de dados do próprio equipamento. Estabelecer a identidade foi o primeiro procedimento adotado pela equipe pós mortem, que é responsável pelo levantamento de vestígios de vítimas após a tragédia.
Essas informações eram obtidas primeiramente a partir da numeração protocolar, em seguida na realização de fotos gerais do corpo, e após, na coleta dos vestígios relacionados às metodologias de identificação, como as impressões digitais, o DNA, e a odontologia legal. Em seguida, o corpo seguia para a necropsia.
“O Corpo técnico na área de resgate foi orientado a proteger o máximo possível o corpo quanto aos vestígios que seriam interessantes para a identificação. Durante o processo, foram utilizadas técnicas para a revelação das impressões digitais, para que posteriormente elas fossem inseridas no leitor biométrico. Ao serem confrontadas, o sistema apresentava em dois segundos a foto da vítima, as impressões digitais padrão e questionada, o nome da vítima e a filiação’’, relatou Marco Antonio.
Os dados ante mortem, com as informações das possíveis vítimas e de pessoas desaparecidas eram inseridas no Sistema Alethia, que após receber a impressão digital encontrada na área do desastre trazia a identificação da pessoa. Segundo o palestrante, este foi o primeiro caso aberto, em não que se sabia a dimensão e a quantidade exata de vítimas, realizado com o auxílio do sistema de identificação biométrica.
“A Polícia Federal possui procedimentos padrões baseados em protocolos internacionais, como o da Interpol. Porém, com o advento das novas tecnologias, esses protocolos precisam ser adaptados. Foi o que ocorreu em Brumadinho, que utilizamos um sistema que já existia e o aprimoramos conforme a necessidade, trazendo maior celeridade a todo o processo de identificação’’, acrescentou o palestrante.
Simpósio
O I Simpósio Estadual de Identificação ocorre quarta (27.02) e sexta-feira (01.03), no auditório Milton Figueiredo, da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. O evento reúne 235 participantes, entre papiloscopistas, estagiários e técnicos de desenvolvimento econômico e social, funcionários de Postos de Identificação e representantes de prefeituras municipais.
Programação
Na manhã desta quinta-feira (28), o evento trouxe a reflexão sobre quem pode usar e como usar o Nome Social, durante a realização de uma mesa redonda com a participação do professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFMT, Pablo Cardozo Roco, o presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB, Nelson Freitas Neto, e a bacharel em secretariado executivo, Daniela Behrends Rodrigues.
Já na sexta-feira (01.03), às 8h, o diretor metropolitano de Identificação Técnica da Politec, Aílton Silva Machado, irá apresentar o novo modelo de documento de identidade, instituído pelo Decreto nº 9.278, de 5 de fevereiro do ano passado. O documento conterá o número do Documento Nacional de Identificação, da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), Título de Eleitor, Carteira de Trabalho e Previdência Social, dentre outros dados.
O evento está sendo realizado pela Diretoria Metropolitana de Identificação Técnica da Politec e reúne profissionais de diversas áreas para discutir tecnologias que podem ser usadas para o aprimoramento do serviço de identificação do Estado de Mato Grosso.